Título: Produção cresce, mas emprego e renda caem na indústria
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Brasil, p. A3

O emprego na indústria encolheu 0,6% em junho ante maio, apesar da produção física da indústria ter crescido 1,6% naquele mês, em relação ao mês anterior. Na comparação com o mesmo período de 2004, o emprego industrial avançou 1,3% , registrando taxa positiva pelo 16º mês consecutivo. No primeiro semestre, as vagas na indústria acumularam aumento de 2,3% e 2,91% em 12 meses, conforme dados divulgados ontem pelo IBGE. O total de número de horas pagas ao trabalhador também recuou 0,2% em junho. O mesmo ocorreu com o valor da folha de pagamento, com retração de 2,4% ante maio, influenciado pela queda do emprego no período. Já na comparação com o mesmo mês de 2004, as taxas foram positivas em 1% e 3,3%. Marcelo de Ávila, economista da área de trabalho do Ipea, preferiu não correlacionar o aumento da produção física da indústria com a queda do emprego industrial em junho, no dessazonalizado, por abarcar período curto. Para Ávila, nesse momento, pode estar ocorrendo "um compasso de espera" na decisão empresarial de fazer novas admissões. "Os empresários estariam no aguardo das encomendas de Natal, que começam a chegar em agosto nas fábricas, para tomar uma decisão de aumentar o quadro". Ávila preferiu focar sua análise de tendência do emprego industrial num indicador de período mais longo, como a taxa de 12 meses que, até junho, manteve estabilidade ante o mesmo período do ano passado, depois de ter crescido até maio. A seu ver, esse comportamento está sinalizando um início de desaceleração no emprego industrial por conta de uma atividade econômica mais branda este ano em relação a 2004. Ele prevê que os números da pesquisa de julho possivelmente registrem "desaceleração" na taxa de 12 meses, levando em conta, inclusive, base de comparação. A análise em bases trimestrais, no confronto com período equivalente de 2004, indica um crescimento mais moderado do emprego industrial. O IBGE observou uma redução na taxa do indicador entre o primeiro trimestre (2,6%) e o segundo trimestre (2,1%) de 2005, em relação aos mesmos trimestres do ano passado. Esse movimento de recuo alcançou 11 dos 14 locais pesquisados, sendo mais intenso no Rio Grande do Sul, onde passou de uma taxa negativa de 2,6% para uma contração maior de 5,6%. Em São Paulo, a trajetória foi inversa, quando aumentou o ritmo de contratações na passagem do primeiro (2,3%) para o segundo trimestre (3,6%).