Título: Governo fecha acordo para votar mínimo de R$ 300
Autor: Jaqueline Paiva
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Política, p. A15

Os líderes dos partidos da base e da oposição fecharam ontem um acordo para tentar votação simbólica do salário mínimo de R$ 300. A votação foi adiada para hoje no plenário da Câmara, depois de uma manobra do governo para evitar nova derrota. Os líderes decidiram pelo voto simbólico para evitar o desgaste político de governistas e oposicionistas de derrotar o mínimo de R$ 384,29, aprovado na semana passada pelo Senado. O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), recomendou que sua bancada vote contra o valor de R$ 384,29, aprovado pelo Senado, mas o PFL vai manter apoio aos R$ 384,29. Goldman afirmou que é consenso entre líderes de bancadas que o salário-mínimo de R$ 384,29 é inviável, porque geraria um rombo de R$ 16 bilhões nas contas do governo. "Essa cifra não é factível, sobretudo do ponto de vista da Previdência Social" , afirmou. A bancada do PSDB na Câmara decidiu que não votaria pelo mínimo de R$ 384,29, mas resiste em votar nominalmente pelos R$ 300. O temor dos tucanos era que poderia significar apoio explícito ao governo Lula e contrariar seu eleitorado que quer uma polarização cada vez maior com o governo. Para contemplar a oposição, os líderes chegaram à estratégia da votação simbólica. O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), no entanto, não participou do acordo e prometeu repetir o voto dado pela bancada do partido no Senado. Ele ressalvou também que não poderá impedir que deputados de sua bancada peçam a verificação de quórum e obriguem a votação nominal, o que poderá levar a base à obstrução até sexta-feira. Com a manobra, a MP perderia a validade e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria que editar nova medida com valor próximo aos R$ 300. O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avisou que a base aliada vai obstruir a sessão se a verificação de quórum for pedida para impedir nova derrota. Na semana passada, depois de desarticulação da base em função do depoimento do publicitário Duda Mendonça e da apresentação de uma lista sem comprovação que incluía mais nomes do PSDB como beneficiados pelo esquema de Marcos Valério de Souza, o Senado aprovou uma emenda que eleva para R$ 384,29 o valor do mínimo. O destaque foi do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, também participou da reunião dos líderes. (Com agências noticiosas)