Título: Maia propõe aliança com PSDB em 2006
Autor: Maria Lúcia
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2004, Política, p. A8

Credenciado pelo PFL como um dos principais quadros do partido para disputar a Presidência da República em 2006, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, afirmou ontem que a legenda quer se mostrar competitiva no grid de largada, mas tem como objetivo central a construção de uma aliança eleitoral com o PSDB, estando na cabeça de chapa ou na vice. "Agora não temos que tratar de nomes. Temos que tratar de método. Nosso método é ser competitivo e preparar o quadro para uma aliança com o PSDB; com o PFL na cabeça de chapa ou dando o vice. Não podemos é criar nenhum tipo de estremecimento neste processo daqui até o início de 2006", sentenciou. Maia esteve ontem em Fortaleza para gravar cenas que serão utilizadas nos últimos programas eleitorais de Moroni Torgan (PFL), que disputa com a petista Luizianne Lins (PT) o segundo turno na capital cearense. Sobre a eleição presidencial, a ordem, segundo ele, é apresentar os nomes de potenciais candidatos à presidência no PFL e no PSDB e analisar o grau de competitividade de cada um. Cesar Maia afirmou que essa estratégia já está delineada no PFL e que o partido vive um momento de confraternização. Na semana passada, toda a cúpula pefelista conseguiu aparar as arestas durante um encontro em Salvador, em que estavam presentes o presidente nacional da legenda, Jorge Bornhausen, e o senador Antonio Carlos Magalhães. "Foi uma análise combinatória de seis, dois a dois. Todo mundo se confraternizou com todo mundo, e tudo regado a acarajé, vatapá e arroz de huaçá (de origem africana). Ou seja, foi definitivo", brincou ele. Firmada a estratégia eleitoral para 2006 no PFL, Cesar Maia já começa a discutir o tema com alguns tucanos, como o próprio José Serra (candidato em SP e presidente nacional do PSDB) e o governador Geraldo Alckmin. O pefelista disse concordar com a tese do sociólogo Luiz Jorge Werneck Vianna, que em entrevista ao Valor explicou a possibilidade de uma terceira força política, que não o PT e o PSDB, ganhar força na disputa de 2006 caso mostre um viés de mudança. "O Vianna acha que tem que ser um tercius pela esquerda, que a mudança só virá do campo progressista. Pode vir do campo conservador e caminhar para o centro", afirmou. Cesar Maia admitiu que alguns pefelistas têm dúvidas se o um candidato do PSDB seria mais competitivo. "Se o PSDB tiver essa hegemonia, humildemente vamos considerar, mas pode não ter", disse. O prefeito aconselhou os tucanos a fazerem gestos que comprovem a intenção de aliança com o PFL. "Se passarem a idéia de hegemonismo, fica muito difícil a coligação", explicou, referindo-se ao fato de parte do PSDB já dar como certa a candidatura majoritária de Alckmin. Cesar Maia criticou atitudes eleitorais desagregadoras do PSDB. Ele disse estar surpreendido com a posição do senador Tasso Jereissati (CE). O tucano disse que Moroni é "dos males o pior". Tasso não declarou o voto a Luizianne Lins, mas deixa claro as rivalidades com Torgan. Outro exemplo citado por Maia é a postura de Beto Richa (PSDB), em Curitiba, que negou o apoio do pefelista Cassio Taniguchi.