Título: PDT discute cenário de 2006 com Aécio
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Política, p. A16

A executiva nacional do PDT se reúne hoje, em Brasília, para traçar rumos para 2006. O principal objetivo da legenda é construir uma alternativa nacional em parceria com o PPS, com uma candidatura que esteja "à esquerda do PT". "O momento nos é muito favorável pela transparência e limpeza com o que partido se manteve", disse ontem, em Belo Horizonte, o presidente do partido, Carlos Luppi. Entre os nomes com os quais a legenda trabalha, segundo ele, está o do senador eleito pelo PT Cristovam Buarque. A expectativa é de que ele se filie ao próprio PDT ou ao PPS. O senador Jefferson Péres (PDT) e o deputado federal Roberto Freire (PPS) são outros nomes na lista. Carlos Luppi esteve na capital mineira para reunião com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), com quem diz ter uma relação pessoal muito profunda. O encontro, informou ele, era para avaliar o cenário político. "Todos nós estamos muito preocupados com o futuro que possa acontecer no Brasil porque as denúncias são muitas, diversificadas e a cada dia, uma diferente", afirmou Luppi. "Ninguém sabe o fim desse processo." Na análise do pedetista, entretanto, as chances para a oposição estão nas urnas. Luppi condenou os políticos que já falam em impeachment. "Precisamos primeiro ter provas para depois entrar no processo do impeachment", disse. "É preciso ser racional primeiro a quem estamos delegando o poder; é muito grave para o Brasil." Luppi argumentou ainda que, no contexto atual, a transição não seria tranqüila como foi entre Fernando Collor e o então vice-presidente Itamar Franco. "O temor é o que pode vir depois do impeachment; será que a sociedade brasileira ficaria tranqüila sob a Presidência do senhor Severino Cavalcanti (presidente da Câmara dos Deputados)?" Apesar da posição contrária ao impeachment, Luppi garantiu que o PDT não participará de nenhum acordo de governabilidade que impeça a investigação e apuração de todas as denúncias. O presidente do PDT reafirmou, na capital mineira, que o seu partido nunca usou caixa 2. "Nunca usou e eu desafio a qualquer outro partido, a qualquer cidadão brasileiro, a qualquer jornalista a encontrar em algum momento, nos seus 25 anos de história, o uso de ´caixa 2´ pelo PDT". O político afirmou que o partido não voltará atrás na suspensão de políticos envolvidos no esquema de mensalão, como pretende reivindicar o diretório mineiro do partido. Foram suspensos pedetistas de Minas que apareceram na lista de Marcos Valério de Souza no financiamento paralelo da campanha de reeleição do governador Eduardo Azeredo, em 1998.