Título: Família Diniz vende ações a investidores
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Empresas &, p. B1

Supermercados Valentim, fundador do Pão de Açúcar, e Lucília, sua filha, embolsam cerca de US$ 100 milhões

As contas bancárias do fundador do grupo Pão de Açúcar, Valentim dos Santos Diniz, e de sua filha, Lucília, ficaram mais polpudas nas últimas semana. A venda de apenas um quarto de suas ações na varejista já lhes rendeu cerca de US$ 100 milhões. O negócio foi fechado com quatro grupos de investidores, entre eles a Dynamo Administração de Recursos, que ganhou o direito de indicar um membro para o conselho consultivo do grupo. O pacote envolveu 5,5 bilhões de ações preferenciais da rede, que possui um total de 63,7 bilhões de ações preferenciais. A saída de seu pai e de sua irmã do capital do Pão de Açúcar fez parte do acordo arquitetado por Abilio Diniz, o controlador do grupo, com o francês Casino. Em maio, Abilio vendeu metade do capital ordinário da varejista para o seu sócio francês, numa operação de 407 milhões de euros. Valentim e Lucília trocaram suas ações ordinárias na holding por 21,1 bilhões de ações preferenciais no braço operacional do grupo, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). A participação dos dois membros da família Diniz valeria hoje R$ 1,2 bilhão caso fosse considerado o preço das ações da empresa na Bolsa de Valores. Os papéis vinham em uma trajetória de alta por dez dias seguidos, acumulando no período uma valorização de 10%. Ontem, eles se estabilizaram em R$ 57,3 o lote de mil. Desenhado pela Estáter, empresa de consultoria especializada em gestão e finanças, a venda das ações da família foi programada em três etapas para não provocar uma enxurrada de papéis de um só vez. Nesta primeira rodada, a previsão era de que já fossem vendidos para investidores 7 bilhões. Ainda sobraram, contudo, 1,5 bilhão de papéis. Esse montante foi jogado para uma segunda etapa, cuja venda não deverá ocorrer antes de três anos. Nas próximas rodadas, serão colocadas no mercado mais dois lotes, cada um deles de 8,5 bilhões de ações preferenciais. Os papéis poderão ser vendidos pelos investidores na bolsa de valores assim que eles desejarem. "Compramos os papéis porque acreditamos na empresa, na administração da companhia", afirmou o sócio da Dynamo, Pedro Damasceno. Ao assinar o acordo com o Casino, que passou a dividir o controle do Pão de Açúcar, Abilio Diniz deixou claro que é ele quem ainda dá as ordens na companhia. Os franceses têm 50% das ações ordinárias da holding mas não dividem o comando. A voz de Diniz passou mesmo a ser ouvida mais vezes nos últimos tempos. O empresário, que nem sempre participa das teleconferências com analistas de investimentos, fez questão de se manifestar e de responder a várias perguntas durante a última apresentação dos resultados trimestrais, realizada na semana passada. O empresário está colocando em prática um novo programa, batizado internamente de "dinâmica comercial", e que envolve várias áreas da empresa.