Título: Com lucro em alta, Petrobras não deve reajustar derivados
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Empresas &, p. B

Combustível Estatal diz que avalia o cenário de custos sempre no médio prazo

Apesar da escalada dos preços do petróleo no mercado internacional, que levou à lona as duas únicas refinarias privadas do país, a Petrobras ainda não concluiu pela necessidade de reajustar os preços internos dos combustíveis. Isso foi enfatizado ontem, pelos executivos que participaram da entrevista para detalhamento do balanço da companhia, que registra lucro de R$ 9,951 bilhões no primeiro semestre, dos quais R$ 4,939 bilhões no segundo trimestre. O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, atribuiu o lucro de quase R$ 1 bilhão abaixo das perspectivas de analistas, que esperavam lucro de R$ 6 bilhões, aos critérios de contabilização dos créditos a receber de subsidiárias no exterior, cujos valores ficaram menores devido à valorização do real. Barbassa ressaltou que mesmo com preços ascendentes no mercado internacional, o Preço Médio de Realização (PMR) da companhia acompanhou "a tendência de médio de longo prazo". "Evidentemente os resultados são favoráveis e representam aumento de produção, acompanhada de uma gestão de preços adequada que elevou a receita e de custos que proporcionou uma geração de caixa que permitiu investimentos de R$ 11 bilhões", disse. Na coletiva, a Petrobras valeu-se de um gráfico cobrindo dois anos e meio, de janeiro de 2003 até junho de 2005. Nesse período, o PMR da companhia - que reúne os preços médios de comercialização de 180 derivados, dos quais a gasolina e o óleo diesel respondem por 70% - esteve "aderente" com o tipo Brent e com o petróleo comprado nos Estados Unidos para venda no Brasil. Na média do segundo trimestre a estatal contabilizava um PMR de U$ 55,27 para seus produtos, acima dos US$ 51,59 do preço médio do Brent e abaixo da média de US$ 61,48 do PMR americano. Em relação aos três primeiros meses do ano, o PMR da Petrobras aumentou 10,9%, sendo que nos últimos 12 meses o aumento foi de 47,5%. "A companhia tem optado por fazer ajustes (no preço) sempre com a visão de médio prazo e não do dia-a-dia. Pelo gráfico apresentado vocês devem ter percebido que há uma aderência e identifica-se um alinhamento entre os nossos preços. Só não há um repasse de volatilidade para os preços do mercado interno", disse Alípio Ferreira Pinto Júnior, gerente executivo de Lógistica do Abastecimento. Questionado se na sua opinião os preços da Petrobras estavam alinhados com o mercado externo, ele devolveu com uma pergunta: "O que é ser alinhado? Você pode usar o preço desse momento, a média da semana anterior, a média do mês anterior, ou dos últimos dois meses. Os preços estão adequados à política de preços que a Petrobras pratica, com uma visão de médio prazo dos seus derivados no mercado brasileiro". Já o gerente-executivo de relações com investidores, Raul Campos, lembrou que a Petrobras é uma empresa verticalmente integrada e por isso tem flexibilidade de reajustar preços. "Buscamos maximizar todo o potencial da companhia em termos de desenvolvimento de mercado e a maximização do lucro, e não necessariamente a maximização de cada preço individual, todo dia", frisou Campos. "Nós buscamos atender e acompanhar a tendência internacional de preços sem ter que acatar e aceitar os picos excessivos envolvidos pela especulação".