Título: Aeroporto de Petrolina vai tornar-se industrial
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2004, Empresas, p. B6
O Aeroporto Internacional de Petrolina, a 722 quilômetros do Recife, está prestes a se tornar um dos primeiros aeroportos industriais do País. O projeto do aeroporto-indústria - onde empresas se instalam nos terminais e contam com uma série de vantagens fiscais, desde que a produção seja voltada para a exportação - será apresentado hoje, em São Paulo, a 60 empresários das áreas de tecnologia da informação e eletroeletrônicos. De acordo com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), outros três aeroportos - Confins (MG), São José dos Campos (SP) e Galeão (RJ) - também estão finalizando seus projetos para atuarem nesta categoria. Segundo o diretor comercial da Infraero, Fernando Almeida, os quatro aeroportos industriais do país foram criados por decreto em 2002, visando otimizar a utilização dos terminais e fortalecer as exportações. O caso do aeroporto de Petroli-na é emblemático. Estruturado para a exportação de frutas - com o vale do São Francisco respondendo por mais de 90% das exportações nacionais de mangas e uvas de mesa -, o terminal tem sido subutilizado pelos exportadores locais. "Os embarques de frutas para exportação são pequenos", diz José Gualberto, presidente da Valexport, que congrega os produtores e exportadores da região. O terminal conta com um frigorífico da Infraero, considerado o maior do país e com capacidade para 17 mil caixas de frutas. Contudo, atualmente, os galpões estão sendo alugados para produtores locais estocarem suas frutas. Segundo Gualberto, as razões para isso estão na falta de oferta de vôos internacionais e no alto custo do frete aéreo. Com a implantação de uma unidade industrial na zona primária do terminal, existe a perspectiva de uma maior freqüência e regularidade dos vôos domésticos, além da chegada de vôos internacionais. Como as aeronaves levariam componentes para a unidade industrial e sairiam carregadas com um mix de frutas e produtos industrializados, o custo do frete seria reduzido. De acordo com Fernando Almeida, o frete aéreo por quilo de mangas chega a US$ 1,50, o que acaba encarecendo a operação. De acordo com Gualberto, com uma maior oferta de vôos, os produtores locais poderiam colocar frutas frescas em mercados como os da Europa e Ásia em até 48 horas. O valor deste nicho é três vezes superior ao do mercado tradicional, onde as frutas seguem para o destino através de via marítima, levando até 15 dias para chegar ao consumidor final. A Infraero investiu cerca de R$ 50 milhões no aeroporto de Petrolina nos últimos anos, com o objetivo de ampliar a pista de 3 mil metros para 3.250 metros, e fazer melhorias no terminal de passageiros, entre vários outros benefícios. Com isso, ele passou a ter a segunda maior pista de todo o Nordeste - atrás apenas do Aeroporto dos Guararapes, em Recife - e capacidade ampliada para receber aeronaves com porão de 44 toneladas, para até 110 toneladas.