Título: Combate à pirataria entra na fase dois
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Brasil, p. A2

O Ministério da Justiça quer que os consumidores denunciem produtos piratas com defeito, e está incentivando empresas, em setores em que a demanda por produtos pirata é alta, a reduzirem os preços. O objetivo é educar o público a não comprar produtos ilegais e criar novo canal de informações sobre produtos piratas. A campanha do ministério faz parte da segunda fase do Plano Nacional de Combate à Pirataria. A primeira fase do plano foi a de megaoperações da Polícia Federal, disse o secretário-executivo do ministério, Luiz Paulo Teles Barreto. A PF apreendeu 240 milhões de luvas cirúrgicas falsificadas no porto de Itajaí, em Santa Catarina. Em São Paulo, foram apreendidos 2 milhões de relógios falsos no esquema do comerciante Law Kin Chong. Após sete meses de megaoperações, houve queda de 80% no contrabando em Foz do Iguaçu, diz o secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Márcio Costa de Menezes e Gonçalves. Neste período, algumas empresas reduziram os preços para atrair consumidores. A Nike vendeu camisas oficiais da seleção brasileira durante jogo do Brasil contra o Paraguai, em Porto Alegre, por R$ 39,90, e o produto esgotou-se numa manhã, conta Gonçalves. O DVD do filme "Os Incríveis" bateu recorde, pois o preço, que seria de US$ 35,00, passou para R$ 39,90. A segunda fase do plano, iniciada hoje, é educativa. O Ministério da Justiça distribuirá formulários aos Procons para que orientem os consumidores a registrarem produtos piratas adquiridos com defeito. De posse dos formulários, as autoridades pretendem reforçar as investigações contra empresas piratas. Serão feitos cursos com os Procons dos Estados para difundir a nova etapa da política de combate à pirataria. Haverá campanha institucional na televisão. "Esta é uma fase de percepção do risco pelo consumidor. Queremos atacar a demanda pelos produtos piratas", explicou Barreto. O ministério constatou que são vendidos bisturis odontológicos silicones, camisinhas e remédios falsificados, e que existem brinquedos feitos com resinas plásticas hospitalares, chuteiras que provocam lesões nos pés e cosméticos que intoxicam.