Título: Mercosul prepara nova oferta automotiva para a UE
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Brasil, p. A3

O Mercosul está preparando uma melhora da oferta do bloco para o setor automotivo na negociação com a União Européia. As montadoras de Brasil e Argentina já chegaram a um entendimento, que depende da aprovação dos governos. Os ministros do bloco do Cone Sul devem acenar com uma abertura mais ampla do setor automotivo, caso haja uma contrapartida da UE em agricultura, durante a reunião dos dois blocos no dia 2 de setembro, em Bruxelas. Segundo fontes próximas à negociação, a nova proposta do setor privado é bastante parecida com aquela que havia sido apresentada pelo Mercosul em maio de 2004. A oferta prevê o fim gradativo das tarifas de importação do Mercosul em 10 anos após o início da vigência do acordo. O bloco também deve conceder uma cota que estaria de imediato isenta de tarifas. O tamanho da cota ainda é motivo de discussão. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) propõe 60 mil veículos, 40 mil para o Brasil. A Associação de Fábricas de Automóveis (Adefa), da Argentina, prefere uma cota menor. Fontes ligadas à negociação também duvidam da pressa do governo argentino em fechar o acordo com a UE. O país está no meio de um processo eleitoral e seria complicado para o presidente Nestor Kirchner se comprometer com aberturas de mercado impopulares. A posição dos fabricantes de autopeças também não está clara. A última oferta de abertura do setor automotivo do Mercosul na negociação com a UE, entregue em setembro de 2004, foi motivo de muita reclamação dos europeus, que disseram que o bloco havia piorado sua proposta. A oferta também previa um cronograma de desgravação em 10 anos, mas somente após oito anos de vigência do acordo. Ou seja, seriam 18 anos para a retirada total das tarifas, o mais amplo prazo concedido para qualquer produto. E a cota era de apenas 25 mil veículos. Técnicos dos quatro países do Mercosul se reúnem hoje e amanhã em Montevidéu, capital do Uruguai, para se preparar para a retomada das negociações. Além do setor automotivo, o Mercosul estuda melhorar as ofertas em serviços e investimento. O diretor do departamento de negociações internacionais do Itamaraty, Regis Arslanian, confirma que houve um entendimento entre Anfavea e Adefa para melhorar a proposta do Mercosul, mas não revela qual foi a mudança. "Estamos estudando quais os possíveis movimentos, que só serão efetuados caso haja contrapartidas substanciais da UE em agricultura", diz o embaixador. "É um sinal muito positivo que os setores privados do setor automotivo se entenderam". A Anfavea informou que não vai se posicionar oficialmente.