Título: Reunião da OMC trava outras negociações
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Brasil, p. A3

É muito difícil conseguir um avanço significativo nas negociações de um acordo regional entre o Mercosul e a União Européia antes da reunião ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), que acontecerá em Hong Kong no mês de dezembro. A avaliação é de Alfredo Valladão, diretor da cátedra de Mercosul do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). Para o especialista, as atenções dos países estão voltadas para a Rodada Doha. "Com a paralisia da Alca terminou todo o incentivo para a negociação com a UE", diz Valladão, referindo-se a Área de Livre Comércio das Américas. Ele não acredita em avanços expressivos durante a reunião ministerial entre os dois blocos, no dia 2 de setembro em Bruxelas. Valladão aposta em conquistas na parte política, com os europeus enfatizando os acordos de cooperação e evitando discutir acesso a mercados. Para ele, será um momento de reafirmar os compromissos políticos. "Todo processo de negociação passa por momentos difíceis. É preciso não deixar a peteca cair", diz o especialista, acrescentando que um acordo com a UE é fundamental para o Brasil. Depois da reunião de Hong Kong e dependendo do que for decidido, a negociação entre Mercosul e UE pode até avançar, diz Valladão. Mas ele não descarta a possibilidade de um impasse se a UE oferecer na OMC toda a abertura de mercado de que é capaz. O especialista participou ontem de um seminário organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para Valladão, a UE está com a capacidade negociadora comprometida por conta do momento político atual. A negativa de França e Holanda à constituição européia paralisou o processo de integração da UE. (RL)