Título: Custo total de produção subiu 37% no semestre
Autor: Chico Santos e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Especial, p. A12

De acordo com dados do balanço do primeiro semestre deste ano divulgados ontem pela Petrobras, os custos de produção e refino de petróleo da estatal, incluindo participações governamentais (royalties e participações especiais) somaram no primeiro semestre deste ano US$ 15,31 por barril, com aumento de 37,06% sobre o custo do primeiro semestre do ano passado (US$ 11,17 por barril). Somente a extração mais participações governamentais subiram 35%, passando de US$ 9,90 para US$ 13,40 por barril na comparação com semestres iguais do ano passado e deste ano. Quando retiradas as participações governamentais, o custo de extração de óleo da Petrobras cai para US$ 5,39 por barril no primeiro semestre deste ano, com aumento de 28% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 4,22 por barril). O custo de extração da Petrobras no Brasil foi 103,4% maior que o da empresa no exterior e o custo de refino (US$ 1,91), que subiu 50% sobre o primeiro semestre de 2004, fechou o período 55,3% mais caro que o custo externo. Apesar de o custo de produção interno ser menos de um quarto do preço externo, é este que regula os preços dos combustíveis no mercado interno. Isso porque o petróleo, da mesma forma que a soja, o trigo e o minério de ferro, é uma commodity , cujo preço é definido nas bolsas internacionais e toda a cadeia produtiva é balizada por essa cotação. É por isso que a manutenção pela Petrobras do preço dos combustíveis abaixo das cotações internacionais acabou inviabilizando a venda dos derivados produzidos internamente pelas refinarias privadas (Ipiranga e Manguinhos). Os acionistas da Petrobras esperam que a estatal se mantenha alinhada às cotações internacionais, e ela se esforça para demonstrar que está apenas evitando ficar ao sabor da volatilidade do mercado. Mesmo com o preço defasado da cotação internacional, a gasolina comum no Brasil está custando na bomba R$ 2,22 (RJ) e vem se mantendo em patamar próximo há vários meses. Nos EUA, a gasolina é bem mais barata e oscila bem mais. Em maio deste ano, estava em US$ 0,429 por litro (pouco mais de R$ 1,00), ante US$ 0,373 em fevereiro e US$ 0,398 em outubro do ano passado. Segundo Adriano Pires Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a diferença básica entre os preços dos dois países está na tributação. Nos Estados Unidos, fica em torno de 20% do preço, enquanto no Brasil chega a 50%, variando para mais ou menos de acordo com a alíquota de ICMS em cada Estado. (Chico Santos e Cláudia Schüffner)