Título: Copel suspende provisionamento
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Empresas &, p. B11

Vinte e sete meses depois de a Copel suspender o pagamento pelo fornecimento de gás para abastecer a usina termelétrica de Araucária, que nunca chegou a operar comercialmente, a Petrobras decidiu pedir a rescisão do contrato. Com isso, a empresa de energia do Paraná deixará de provisionar cerca de R$ 60 milhões por trimestre, o que deverá gerar impactos positivos nos próximos balanços. O provisionamento deixou de ser feito a partir de junho, mas só esta semana a informação foi divulgada pela Copel em seu relatório trimestral. Ele já somava R$ 665 milhões para cobrir as despesas do contrato, que tinha cláusula de "take or pay" e que vinha sendo questionado judicialmente. O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, contou ontem que a Petrobras alegou que a companhia estava inadimplente. Ele disse discordar do motivo apontado. "A Copel não reconhece esse contrato", afirmou o executivo, que em teleconferência com analistas de mercado disse não fazer sentido a estatal cobrar pelo que ela não tem para oferecer. "Quem diz que está faltando gás é a própria Petrobras." Procurada pelo Valor, a Petrobras não comentou o assunto. Com as disputas judiciais em andamento, os sócios da usina de Araucária - a americana El Paso (60%), Petrobras (20%) e Copel (20%) - concordaram em buscar um rearranjo nas participações e encontrar uma solução para os problemas técnicos do empreendimento. Ghilardi disse que chegou a viajar aos EUA para conversar com a direção da El Paso, mas as negociações não avançaram, em parte, porque a preocupação hoje é sobre a usina de Macaé, também alvo de revisão contratual. Questionado sobre prazos, Ghilardi disse que a solução para a usina pode sair em cerca de três meses. "O interesse é de todos", afirmou. O executivo adiantou que a empresa manterá a política de oferecer descontos aos consumidores que pagam as contas em dia, e que os reajustes autorizados pela Aneel continuarão a ser repassados em duas vezes, em janeiro e julho. No segundo trimestre, a Copel teve lucro líquido de R$ 118,3 milhões, alta de 42,5% sobre os R$ 83 milhões obtidos em igual período de 2004. No semestre os ganhos somaram R$ 196 milhões, ante os R$ 172,8 milhões da primeira metade do ano passado. De janeiro a junho a receita operacional líquida cresceu 30,5% e chegou a R$ 2,35 bilhões. A empresa investiu R$ 204 milhões em obras de expansão e melhorias de um total de R$ 500 milhões previstos para o ano. Seu mercado consumidor cresceu 3,9% e ela encerrou o período com 3, 2 milhões de consumidores. No fim de julho, a Copel passou a contar com mais uma hidrelétrica, com o início da operação da usina Santa Clara, que integra o complexo energético do rio Jordão e inclui a usina Fundão. Cada uma delas tem potência de 120 megawatts. Para Renato Pinto, analista da Fator Corretora, o fim do provisionamento para o gás que não estava sendo usado é positivo porque resultará em aumento de lucro e distribuição de dividendos. Ele acredita que a solução para a usina com a saída da El Paso do negócio, ficará mais próxima após o leilão de energia marcada para outubro.