Título: Lucro das elétricas sobe 424% no semestre
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Empresas &, p. B11

Energia Setor deve zerar este ano o prejuízo recorde de R$ 15 bilhões registrado em 2001, durante o apagão

Os lucros das empresas do setor elétrico dispararam nos seis primeiros do ano e atingiram um valor 424,6% maior que o observado no mesmo período de 2004. O levantamento elaborado pela Economática com com base nos dados contábeis de 32 companhias do setor, exclui a Eletrobrás. O lucro líquido somado dessas empresas atingiu R$ 4,43 bilhões no semestre, ante um resultado de R$ 846 milhões no mesmo período do ano passado. Para o ano de 2005, a Economática projeta um lucro líquido recorde de R$ 8,32 bilhões para esse grupo de companhias. Com o bom resultado deste ano somado aos lucros obtidos em 2004 (de R$ 4,5 bilhões) e 2003 (de R$ 3,7 bilhões), essas empresas irão, finalmente, zerar as perdas de R$ 15,37 bilhões que tiveram em 2002, após o racionamento de energia no país. Somado, o lucro do setor nos últimos três anos somaria R$ 16,6 bilhões. É verdade que o resultado positivo no primeiro semestre do ano foi influenciado pela queda de 11,45 % no dólar frente ao real no período. Mas, além disso, houve melhoria também relevante no resultado da atividade do setor, impulsionado pelo aumento do consumo de energia no país. O lucro operacional dessas companhias cresceu 24% e a receita subiu 7,4% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - os valores foram corrigidos por esse indexador. "Um crescimento excepcional de mais de 400% deve-se em boa parte ao dólar, apesar da melhoria do desempenho. Mas, só com a valorização do real, as empresas gastaram R$ 2,7 bilhões a menos", explica o presidente da Economática, Fernando Exel. De janeiro a junho de 2004, as elétricas tiveram uma despesa financeira líquida de R$ 4,08 bilhões e, no mesmo período desse ano, os gastos financeiros líquidos foram de R$ 1,31 bilhão. Quanto ao incremento de 24% no lucro operacional, Exel achou natural, já que houve aumento nas vendas e a maioria dos custos das empresas são fixos. "Quando a receita aumenta, o lucro aumenta mais ainda". A receita líquida no primeiro semestre de 2005 dessas companhias cresceu 7,4% e passou de R$ 36,9 bilhões em 2004 (valor corrigido pelo IPCA) para R$ 39,7 bilhões no primeiro semestre. Outro ponto destacado por Exel como positivo no setor é que as empresas hoje têm uma capacidade de pagamento de suas dívidas bem mais tranqüila. O endividamento total to setor caiu 17% e hoje, para cada R$ 100 de dívida, as empresas produzem R$ 36 de lucro. "Há dois anos, essas empresas não conseguiam pagar nem os juros". Em 2004, para cada R$ 100 de dívida, as empresas produziram R$ 18 de lucro. "Dava para pagar só os juros, e de forma apertada. Não havia sobra para o acionista." Muitas das empresas do setor obtiveram no semestre lucros recordes, com valores acima dos projetados pelo mercado. A CPFL Energia, por exemplo, registrou de janeiro a junho um lucro de R$ 400,597 milhões, cifra 220,9% maior que o observado no primeiro semestre de 2004. O presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr, creditou o bom resultado ao aumento das vendas, que subiram 5,6% no primeiro semestre. A receita bruta da companhia aumentou 13,3% no período. A Eletropaulo também melhorou fortemente o resultado em 2005. No semestre, a elétrica teve lucro de R$ 120,063 milhões ante prejuízo de R$ 5,543 milhões no primeiro semestre de 2004. De abril a junho, porém, o lucro líquido da distribuidora saltou a impressionante cifra de 1.596,98% ante o segundo trimestre de 2004 e somou R$ 136,76 milhões. Já a Light registrou um lucro líquido de R$ 33,7 milhões nos seis primeiros meses de 2005, um resultado 190,7% superior ao obtido no mesmo período de 2004, quando o lucro foi de R$ 11,6 milhões. O lucro líquido contabilizado no segundo trimestre do ano foi de R$ 10,1 milhões, contra prejuízo de R$ 16,9 milhões em 2004. A Copel foi outra que superou expectativas. A companhia teve lucro líquido de R$ 196,7 milhões nos primeiros seis meses do ano, valor 13,8% superior ao apresentado no primeiro semestre de 2004, de R$ 172,8 milhões. A receita operacional líquida da companhia chegou a R$ 2,356 bilhões - um aumento de 30,5% em relação ao primeiro semestre de 2004.