Título: Meta é restringir uso de moeda estrangeira
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 19/08/2005, Brasil, p. A3

Em um esforço para financiar projetos de infra-estrutura, o BNDES está procurando tirar os financiamentos em moeda estrangeira da estrutura dos grandes empreendimentos, como os hidrelétricos. O chefe do Departamento de Energia Elétrica do BNDES, Nelson Siffert, explica que acha compreensível a preocupação manifestada por investidores - como a belga Tractebel em entrevista do seu presidente, Maurício Bähr, ao Valor - com o aumento do risco de empréstimos em dólar para financiar empreendimentos de energia "nova" , que sequer têm as obras iniciadas. A avaliação é que o período de construção é muito longo para correr risco cambial antes de poder contar com qualquer receita. "Essa realmente é uma preocupação dos investidores e o banco tem feitos esforços, sempre que possível, para tirar moeda estrangeira dos financiamentos de infra-estrutura", explica o executivo do banco estatal. Quanto a outro obstáculo apontado pela Tractebel -a exigência, pelo BNDES, de garantias da matriz para a obtenção de financiamentos no Brasil -, Siffert disse que, em alguns casos, esse ponto pode ser contornado. "A exigência de fiança da matriz como garantia depende da classificação de risco da subsidiária no Brasil. O que vai contar não é apenas o ativo que a empresa tiver no Brasil, mas também os passivos", explicou. Até agosto, o BNDES já aprovou mais projetos do que em todo o ano passado. O banco já tem em carteira 16 projetos aprovados pelo departamento de energia, dos quais cinco para linhas de transmissão, duas de geração (as usinas Ponte de Pedra (176 MW) e Salto Pilão (181 MW), cinco PCHs e quatro empréstimos para distribuidoras, sem contar a operação com a Light. Somados, os projetos aprovados em 2005 terão investimentos de R$ 3,2 bilhões e financiamentos de R$ 1,9 bilhão. A área de energia do BNDES fechou 14 operações no ano passado, contra 19 em 2003. Além dos 16 projetos aprovados este ano, o banco ainda analisa pedidos de financiamento para as cinco hidrelétricas, além de 20 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e seis linhas de transmissão. "Em número de projetos, o desempenho este ano está sendo superior ao de todo o ano passado e tudo indica que o volume vai ser maior que o de 2003", ressalta Siffert. (CS)