Título: IGP-M pode atingir 4º mês de deflação
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 19/08/2005, Brasil, p. A4

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou taxa negativa de 0,49% na segunda medição de agosto. A queda de preços foi ainda mais intensa do que na segunda prévia de julho, quando o índice havia apurado deflação de 0,25%. O patamar menor de inflação foi motivado pela desaceleração generalizada no atacado, varejo e construção civil. Os dados preliminares de agosto indicam que o IGP-M está prestes a completar o quarto mês seguido de deflação. A última vez em que o índice captou um período prolongado de arrefecimento de preços foi em 2003, também influenciado pela variação cambial. Mas na ocasião, a deflação durou dois meses. A FGV, responsável pela pesquisa, descarta que as consecutivas quedas sejam sinônimo de recessão. Os preços no atacado intensificaram a trajetória de queda e passaram de menos 0,48%, na segunda parcial de julho, para menos 0,64% na segunda prévia de agosto. Produtos acabados e insumos industriais contribuíram para o recuo mais acentuado de preços. Entre os produtos acabados, o destaque de desaceleração ficou por conta dos alimentos in natura, que passaram de queda de 0,97% para menos 3,53%. Combustíveis e lubrificantes para a produção acentuaram a queda dos bens intermediários. O grupo, que inclui combustíveis como diesel, óleo combustível e querosene, passou de 1,79% para menos 0,91%. Como esses combustíveis costumam acompanhar a cotação internacional do petróleo, existem dúvidas quanto à possibilidade de manutenção da queda de preços. As matérias-primas brutas mostraram movimento de recuperação de preços após queda acentuada verificada em alguns produtos. A taxa passou de menos 0,81%, na segunda prévia de julho para menos 0,75% na segunda parcial de agosto. Os destaques de aceleração foram café em coco (- 8,35% para - 4,30%) e cana-de-açúcar (-3,16% para 0,69%). O consumidor também pôde perceber o menor fôlego da inflação. A taxa do varejo passou de 0,03%, na segunda medição de julho para menos 0,28% em agosto. Os grupos que mais influenciaram a deflação no varejo foram habitação, alimentação e vestuário. O subgrupo luz, gás e telefone passou de 0,75% para 0,42%. Na alimentação, o destaque foi a queda de preços das frutas - de 4,06% para menos 4,47%. O vestuário contribuiu com a queda nos preços das roupas com as promoções de inverno. Os custos da construção civil passaram de 0,65% para 0,03% com a estabilidade do item mão-de-obra, que vinha sendo pressionado nos últimos meses com reajustes nas principais capitais.