Título: Desemprego recua para 17,9%, mas renda também diminui em São Paulo
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2004, Brasil, p. A2

A taxa de desemprego recuou pelo 5º mês consecutivo em setembro e chegou a 17,9% na região metropolitana de São Paulo. É a menor desde janeiro de 2002 e que representou um recuo de 0,4 ponto percentual sobre agosto. Isso fez com que o número de desempregados na região passasse de 1,836 milhão para 1,792 milhão. Na comparação com o mesmo mês, o resultado é o melhor desde 2001. No entanto, o crescimento do emprego não tem sido acompanhado pela recuperação do rendimento médio real dos trabalhadores, que caiu 1,1% em agosto - a segunda baixa seguida - e passou a valer R$ 1.003 para o total dos ocupados. Uma das razões para que a renda não caminhe lado-a-lado ao emprego é o fato de grande parte dos novos postos de trabalho ter sido criada no setor de serviços, caracterizado pela alta informalidade das contratações. Com isso, os salários pagos são mais baixos do que os recebidos por quem trabalha na indústria e no comércio, o que puxa a média salarial do conjunto dos ocupados para baixo.

Em setembro, o ramo dos serviços abriu 46 mil vagas, após ter criado 53 mil no mês anterior. Ao mesmo tempo, a indústria criou apenas 13 mil postos, enquanto o comércio fechou 45 mil. Em doze meses, o emprego no setor privado com carteira assinada cresceu apenas 4,2%, enquanto as vagas informais aumentaram em 15,5%, evidenciando a precarização do trabalho. Já a massa de rendimento dos ocupados permaneceu quase estável em agosto sobre julho, com leve queda de 0,2%, puxada pela baixa do rendimentos, uma vez que a ocupação cresceu. Em relação a agosto do ano passado, esse indicador subiu 6,8%. A recuperação do emprego neste ano ficou evidente a partir de maio, quando a taxa passou de 20,7% para 19,7%. Em cinco meses, de maio a setembro, a taxa de desemprego acumula uma queda de 2,6 pontos percentuais. Neste mesmo período foram gerados 513 mil vagas, enquanto que mais 64 mil pessoas entraram no mercado de trabalho. Para Sinésio Pires Ferreira, diretor de produção e análise de dados da Fundação Seade, o crescimento da ocupação ocorre agora em ritmo mais lento do que aquele sinalizado nos meses anteriores. "As expectativas do começo do ano eram melhores", lembrou. Apesar de não arriscar uma taxa para o final do ano, o diretor ressalta que o emprego tende a crescer nos próximos, especialmente estimulado pelas contratações sazonais do comércio. Ele acredita também que no setor industrial esse o movimento já começou e deve se estender até outubro.