Título: Investimento estrangeiro soma US$ 2 bi no mês
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 19/08/2005, Finanças, p. C1

Foi registrado em julho no país um forte ingresso de investimentos estrangeiros diretos e baixo índice de rolagem de vencimentos da dívida externa. No mês, a saída de capitais superou a entrada em US$ 7,08 bilhões, em virtude sobretudo da amortização antecipada de compromissos com o Fundo Monetária Internacional (FMI). O destaque positivo foram os ingressos de investimentos diretos, que somaram US$ 2,035 bilhões. De janeiro a julho, o fluxo soma US$ 10,601 bilhões e, considerando o resultado parcial de agosto (US$ 1,3 bilhão, até o dia 18), chega a US$ 11,9 bilhões. Os dados verificados até agora tornam mais provável que se atinja a projeção de US$ 16 bilhões no ano feita pelo BC. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o fluxo de investimentos diretos tem se mostrado mais estável porque está pulverizado por valores, setores da economia e por países de origem. As operações até US$ 50 milhões, por exemplo, respondem por 38,2% dos ingressos, em valores observados de janeiro a julho. O principal país de origem dos capitais - Países Baixos - responde por apenas 20,1% dos valores; os três principais países de origem, por 51,8%. O setor que recebe mais investimentos - alimentos e bebidas - tem uma fatia de 15,5%; os três principais, de 40,1%. Os investimentos diretos têm sido, ao lado do superávit em conta corrente, a principal fonte de dólares que irriga o mercado de câmbio. A soma desses dois fluxos é de US$ 36,515 bilhões nos 12 meses encerrados em julho, ou 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dado é uma medida do volume de dólares que sobra na relação do Brasil com o exterior, que pode ser usado tanto para abater dívida externa quando para bancar investimentos brasileiros no exterior. Em julho, houve uma sobra de US$ 4,627 bilhões, medida por esse critério. Os dados do BC mostram que, em julho, as empresas e o setor público seguiram pagando dívida externa - as amortizações líquidas de papéis negociados no exterior somaram US$ 3,753 bilhões. A maior parte dos pagamentos foi feita pelo setor público, com US$ 2,502 bilhões, referentes a bônus da dívida externa nova - Global 2005 e Euro 2005. O setor privado pagou liquidamente ao exterior US$ 1,08 bilhão. A taxa de rolagem de dívidas de médio e longo prazos no mês foi de 45% em julho, abaixo da média dos sete primeiros meses de 2005, de 68%. Em julho, o governo pagou antecipadamente US$ 4,976 bilhões de sua dívida com FMI, que venceria até 2006. Em virtude dessa decisão - e das amortizações de dívida externa pelo setor público e privado - a conta financeira e de capitais fechou deficitária em US$ 7,080 bilhões. O superávit em conta corrente em julho, de US$ 2,592 bilhões, foi insuficiente para cobrir essas amortizações líquidas ao exterior - e o resultado global do balanço de pagamentos foi deficitário em US$ 5,009 bilhões. O déficit no balanço de pagamentos foi coberto pelas reservas internacionais brutas, que caíram de US$ 59,885 bilhões para US$ 54,688 bilhões. A queda, de US$ 5,197 bilhões, se explica principalmente pelo pagamento ao FMI, de US$ 4,976 bilhões. As reservas internacionais líquidas, que excluem o dinheiro emprestado pelo FMI, permaneceram praticamente estáveis: oscilaram de US$ 40,471 bilhões para US$ 40,450 bilhões em julho. (AR)