Título: Governo usa petróleo para financiar a infra-estrutura
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2005, Finanças, p. C3

A construtora Odebrecht está envolvida em cinco grandes obras de infraestrutura na Venezuela: as linhas três e quatro do metrô de Caracas, o metrô de los Teques, a ponte sobre o rio Orinoco, e o sistema de irrigação conhecido como "El Dilúvio". O objetivo do projeto "El Dilúvio" é transformar a planície de Maracaibo em um pólo de produção agrícola. Serão 49 quilômetros do um canal condutor principal e 50 quilômetros de canal secundário. Com capacidade de 11,4 metros cúbicos por segundo, o projeto abrange uma área de 10 mil hectares. "A Venezuela está investindo em infra-estrutura de desenvolvimento: metrôs, rodoviárias, ferrovia, aeroporto. Não tem nenhum projeto faraônico", diz André Amaro da Silveira, diretor de exportações da Odebrecht. Ele comemorou as obras de metrô no país, que considera "da elite da engenharia mundial". A Odebrecht não revela o valor total das obras na Venezuela. Ao construir uma obra, as empresas de engenharia também adquirem equipamentos de construção (tratores, veículos, ferramentas especializadas) no Brasil e exportam para o destino final. As compras totais da Odebrecht no mercado brasileiro para exportação estão estimadas em US$ 110 milhões no primeiro semestre do ano. Segundo Silveira, a Venezuela corresponde a 10% desse total. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou uma linha de crédito de US$ 194,6 milhões para alguns projetos da Odebrecht na Venezuela, como as linhas de metrô de Caracas. O executivo afirma que esse financiamento corresponde a apenas 20% do investimento total nessas obras. A Odebrecht é uma das empresas brasileiras que está aproveitando o bom momento das relações entre Brasil e Venezuela. Presente no país há 14 anos, a companhia estava preparada para atender a demanda vizinha por obras de infraestrutura quando os preços do petróleo começaram a subir. "As empresas brasileiras não participaram do último ciclo de alta do petróleo. A Venezuela era um mercado dos Estados Unidos", diz Silveira. "O Brasil agora se posicionou como parceiro e está pronto para um ciclo de investimentos na Venezuela, porque o governo brasileiro se posicionou de forma pragmática nesse tema há alguns anos", acrescenta o diretor da Odebrecht. (RL)