Título: Fogaça e Pont apostam em definição por pequena diferença de votos
Autor: e Pont apostam em definição por pequena diferença
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2004, Política, p. A6

Independente das pesquisas de diferentes institutos que dão uma vantagem relativamente folgada para José Fogaça (PPS) sobre Raul Pont (PT), os dois candidatos chegam ao fim do segundo turno convictos de que a eleição de domingo será definida por uma margem estreita de votos para um lado ou para outro. Por conta disto, ao longo da semana ambos trataram de reforçar a presença dos militantes nas ruas e os ataques se acentuaram tanto nos debates, nas propagandas no rádio e na televisão e nas acusações mútuas de irregularidades ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Nas últimas pesquisas do jornal "Correio do Povo", da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Ibope, Fogaça aparece com vantagens de 6,4, 8,7 e 13 pontos percentuais, respectivamente. O deputado estadual do PT e um dos coordenadores da campanha de Pont, Flávio Koutzii, porém, diz que pesquisas feitas pelo partido indicam para uma situação de empate. Já o deputado estadual do PPS e coordenador da campanha de Fogaça, Cezar Busatto, acredita que a vitória, "se ocorrer", não será por mais de seis pontos de diferença. Ameaçado de perder a hegemonia de 16 anos na prefeitura, o PT teve ainda de enfrentar o constrangimento provocado pela declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Fórum Social Mundial, a menina dos olhos da administração petista. Na mesma semana em que Pont criticou Fogaça pela afirmação, feita quando ele era senador, de que o fórum assemelhava-se a uma "Disneylândia ideológica", Lula disse que, sem definir um tema prioritário, o encontro acabaria se transformando numa "feira de produtos ideológicos". O próprio Koutzii admitiu que a declaração presidencial foi "inoportuna" e "equivocada" no contexto da disputa eleitoral em Porto Alegre. "Acredito que ele quis dizer que do fórum devem emergir idéias-força", amenizou o deputado. Irônico, Busatto, do PPS, disse que a afirmação soava como uma manifestação de "solidariedade" a Fogaça e às críticas feitas pelo candidato. "Ele (Lula) foi simpático e solidário com nossa causa", comentou. Nos debates e nos últimos dias de propaganda eleitoral, o PT tentou reverter a desvantagem nas pesquisas "desmanchando o biombo do partido da mudança" apresentado por Fogaça e que procura "ocultar a história" dos aliados da coligação PPS-PTB, explicou Koutzii, numa referência à frente que no segundo turno reúne ainda o PSDB, o PFL, o PDT, o PP e o PMDB. Foto: Arivaldo Chaves/Zero Hora

O PT também criticou a aposentadoria de R$ 6 mil concedida a Fogaça pelo Senado depois de dois mandatos na Casa e um na Câmara dos Deputados. Antecipou ainda a nomeação da candidata a vice de Pont, Maria do Rosário, como secretária da Saúde em caso de vitória para tentar neutralizar os ataque do PPS ao desempenho da administração atual no setor. Como resposta, nos últimos programas eleitorais Fogaça cobrou "respeito" e "ética" do adversário e defendeu a legalidade da aposentadoria que recebeu. Segundo Busatto, a estratégia do PT de "partir para ataques ao patrimônio ético e político" do candidato do PPS é uma "atitude inaceitável" de quem está "perdendo os argumentos". Ontem à noite os dois adversários fizeram os últimos comícios de campanhas em pontos separados do centro da cidade para evitar confrontos entre os militantes.