Título: "Espero que o tema aquiete", diz Furlan sobre denúncia
Autor: Sérgio Lamucci, Raquel Landim, Janaina Vilella e C
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2005, Política, p. A6

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, gostou bastante da entrevista de seu colega da Fazenda, Antonio Palocci. "Acredito que ele esclareceu tudo o que precisava ser esclarecido. Eu espero que o tema realmente aquiete", afirmou Furlan, para quem Palocci teve uma postura "pró-ativa". Furlan disse que a repercussão da entrevista "foi a melhor possível". Liguei ontem (domingo) para o ministro para colocar concretamente minha posição". O ministro insistiu ainda que a crise política é "passageira e não deverá afetar os fundamentos da economia". Os empresários acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria aproveitar o clima positivo deixado pela entrevista coletiva concedida por Palocci e fazer um novo pronunciamento à nação sobre a crise política. "É uma decisão pessoal do presidente, mas se ele pedisse minha opinião, eu acho que sim", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ao ser questionado se Lula deveria fazer um novo discurso. Skaf tomou café da manhã ontem com sete empresários que fazem parte dos conselhos temáticos da Fiesp. Ao final do encontro, o clima era de otimismo por conta da entrevista coletiva de Palocci. Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica e do Conselho Superior de Infra-estrutura elogiou o fato de Palocci ter atribuído a estabilidade da economia brasileira ao trabalho de vários governos: "É uma manifestação importante. Coloca as instituições brasileiras acima da sua pessoa. É um ato de humildade". Xavier ressaltou que não está adiando investimentos por conta da crise. Sydney Sanches, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e presidente do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos, defendeu a atuação dos promotores do Ministério Público de São Paulo - criticada por Palocci - durante o interrogatório de Buratti: "O inquérito é aberto ao público. A imprensa tem acesso. O procurador fez declarações de acordo com a lei". A reação do mercado financeiro foi elogiada ontem pelo presidente do BNDES, Guido Mantega, pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e pelo ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida. "Mesmo com o ataque ao ministro da Fazenda, a economia se moveu pouco. Isso demonstra que ela atingiu um nível de maturidade impressionante, o que nos dá segurança de que ela vai caminhar para o crescimento sustentado", disse Mantega. Para o presidente do BNDES, que participou ontem do seminário "A Força do Estado do Rio de Janeiro", Palocci foi convincente e autêntico em suas declarações. "O ministro foi claro e direto. Eu acredito que ele tenha convencido a todos", complementou Marcio Fortes de Almeida. Já Gabrielli, que tem Palocci como chefe no conselho de administração da Petrobras, disse que, pessoalmente, achou a entrevista do ministro convincente e positiva. O executivo, que detalhou ontem os planos de investimentos de US$ 56,4 bilhões, disse que no curto prazo as denúncias não afetam a companhia, mas podem criar incerteza no longo prazo dependendo de sua profundidade.