Título: Ataques e denúncias na reta final em Florianópolis
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2004, Política, p. A6

A disputa pela Prefeitura de Florianópolis esquentou a poucos dias da eleição. Os candidatos Francisco de Assis (PP) e Dário Berger (PSDB) mudaram o tom da campanha no rádio e na TV e agora fazem denúncias. Berger está sendo acusado por Assis de usar a máquina pública em favor de sua campanha. Enquanto Berger contra-ataca apontando que Assis possui três aposentadorias. Ex-prefeito do município de São José, Berger concorre pela primeira vez à prefeitura da capital e está, de acordo com a última pesquisa Ibope, 14 pontos à frente de Assis, com 47% das intenções de voto. Ex-PFL, ele representa a estréia do PSDB com chapa própria na disputa por Florianópolis. Caso vença, o PSDB terá em suas mãos as duas cidades mais populosas do Estado: Florianópolis e Joinville, onde Marco Tebaldi venceu já no primeiro turno. Ex-secretário de obras da atual prefeita Ângela Amin, Assis tem aproveitado os últimos dias de campanha para reverter o quadro que apontam as pesquisas. Sua campanha desde domingo vem mostrando repetidamente no horário eleitoral imagens da Polícia Militar trabalhando no desmonte de palanques da campanha de Berger. O candidato remete a ação ao fato de Berger ter apoio do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). A aliança de Silveira com o PSDB, feita já logo no início da campanha de segundo turno, acontece em troca de apoio para as eleições de 2006, quando o atual governador deverá tentar a reeleição. Em termos de alianças, Berger conseguiu na última semana um outro importante apoio, o de Sérgio Grando (PPS), terceiro colocado no primeiro turno. Grando, que durante meses de campanha apareceu como o nome mais cotado para chegar ao segundo turno, foi um dos últimos a fazer aliança. O candidato havia comentado sobre a dificuldade em apoiar qualquer uma das siglas que foram ao segundo turno pela ideologia diferente. Durante manifestação de apoio, fez questão de ressaltar que a decisão foi partidária, não somente dele. Também apóia Berger o PL, partido que no primeiro turno estava com o PT. Assis conseguiu apoio do PDT e do PV, encabeçado pelo presidente estadual do partido, Gerson Basso, e tem feito campanha com alguns militantes do PT, já que o partido do presidente Lula como um todo preferiu não fazer alianças para o segundo turno nas eleições municipais de Florianópolis. O candidato petista Afrânio Boppré - quarto lugar no primeiro turno - disse que tanto o PSDB e o PP tinham pensamentos muito diferentes do que ele propunha para a cidade e por isso prefere que seus eleitores anulem o voto. Assis tem explorado imagens e depoimentos de eleitores do PT no primeiro turno que agora dizem preferir o PP. Na semana passada, o candidato foi mais longe e criou o comitê SOS Florianópolis, uma associação formada por dissidentes de todos os partidos, em prol de sua candidatura. Recentemente, o candidato contou com apoio mais forte da prefeita Ângela, que reduziu a tarifa de ônibus em alguns trechos de Florianópolis, de R$ 2,15 para R$ 1,50. Embora a prefeita alegue que não há relação direta com as eleições, a mudança deverá pesar no dia 31.