Título: Custo da logística no Brasil abre espaço para TNT crescer 25%
Autor: Paulo Henrique de Sousa
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2005, Empresas &, p. B7

Transportes Direção da múlti holandesa acredita que o país terá de investir em tecnologia para ser competitivo

No Brasil desde 1997, a TNT Logistics, uma divisão do grupo holandês TNT NV, tem planos de crescer entre 20% e 25% nos próximos cinco anos. E encontra terreno fértil por aqui. O diretor mundial de marketing e desenvolvimento de negócios da empresa, Pierre Girardin, argumenta que o Brasil precisa investir em tecnologia para reduzir seus gastos com logística. As empresas brasileiras gastam com logística de 10% a 12% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que na Europa e nos Estados Unidos o percentual varia entre 8% e 10%. Mas há quem esteja em pior situação: na China, o custo logístico é de quase 18% do PIB. Girardin veio ao Brasil para, entre outras coisas, participar de um seminário sobre logística no Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas não só; aproveitou para visitar alguns clientes, entre eles, o primeiro em terras brasileiras, a Fiat do Brasil. O automotivo é o setor em que a TNT Logistics atua mais fortemente no país. Além da Fiat, a primeira cliente em 1997, também estão no portfolio a Volskwagen, General Motors, Ford e Renault. Não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, já que, como observou Girardin, as multinacionais estão cada vez mais procurando um mesmo operador logístico nos mercados em que atuam. "Com a globalização, os clientes querem ter processos similares em todo o mundo". Uma das vantagens para os clientes, segundo ele, é a utilização da mesma tecnologia de ponta em todos os lugares. Por exemplo: o sistema de gerenciamento de armazenagem usado pela Fiat do Brasil é "exatamente o mesmo" daquele usado na Europa. O automobilístico já é um setor em que a TNT está consolidada, e a estratégia de atuação, daqui para a frente, está focada nos segmentos de bens de consumo, industrial e de pneus - nesse último, ela tem forte atuação na Europa, atendendo às principais marcas, o que pretende repetir por aqui. "Temos uma grande posição na Europa, atendendo companhias como Pirelli, Michelin, Continental e Bridgestone. No Brasil, ainda não atendemos a nenhuma delas, mas certamente vamos atender." Na área de consumo, o objetivo é conquistar aqui as contas de multinacionais que a empresa já tende lá fora, como Procter & Gamble e Unilever, e também as grandes redes de varejo. Atualmente, a TNT só atende à fabricante de cosméticos alemã Nivea. O presidente da TNT Logistics do Brasil, Giuseppe Chiellino, explicou que o setor de bens de consumo representa apenas 5% do faturamento da TNT no Brasil - R$ 372 milhões, em 2004 - e que a meta é chegar aos 20%, mesmo percentual do setor no faturamento total no mundo, de 4,1 bilhões de euros, no ano passado. No setor industrial, a TNT cobiça nada menos do que a Embraer. Girardin disse não ter tido contatos "pessoalmente" com executivos da Embraer, nesta visita ao Brasil, mas Chiellino disse que sua equipe tem mantido contatos regulares com a empresa brasileira. Atualmente, a Embraer tem uma logística própria e é cobiçada por todas as prestadoras de serviços, pelo grande fluxo de importação e exportação de peças e de aeronaves. Ao mesmo tempo em que procura atender aqui no Brasil às empresas com as quais já tem negócios em outros países, a TNT também busca novas oportunidades, de acordo com as especificidades de cada mercado. E por aqui elas surgiram no agronegócio, como a fabricante de máquinas agrícolas Case New Holland. A TNT tanto busca as peças de fornecedores nacionais e internacionais, quanto distribui as máquinas prontas. Nos últimos anos, o Brasil tem recebido algumas multinacionais de logísticas, como a americana Vastera e a francesa Gefco.