Título: Presidente da Petros diz que foi indicado por Gushiken
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 25/08/2005, Política, p. A9

O presidente do fundo de pensão da Petrobras (Petros), Wagner Pinheiro, admitiu na CPI Mista do Mensalão que foi indicado ao cargo pelo ex-ministro e atual secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken. Além de Pinheiro, falaram aos parlamentares da CPI os presidentes do fundo do Banco do Brasil (Previ), Sérgio Rosa, e da Caixa Econômica Federal (Funcef), Guilherme Lacerda. A reunião foi reservada e interrompida, prematuramente, após um forte desentendimento entre os integrantes da comissão se instalar logo no início das perguntas aos executivos. Entre as 13h50 e às 16h10, os três presidentes dos fundos falaram sobre suas instituições e como eram os investimentos. Em seguida, o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), fez algumas perguntas sobre funcionamento das fundações. O primeiro inscrito para fazer perguntas era o deputado Fernando Coruja (PPS-SC). O parlamentar perguntou se os executivos conheciam o empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser um dos operadores do pagamento de mensalão a deputados. Os três negaram. Em seguida, Coruja lhes perguntou sobre quais investimentos dessas instituições haviam dado prejuízo nos últimos anos. Sem dispor dos números, os três dirigentes prometeram remeter as informações. A terceira pergunta foi quais dos presidentes haviam sido indicados aos cargos por Gushiken. Em entrevista coletiva o presidente da Petros confirmou a informação: "Ele (Gushiken), por conhecer o meu histórico profissional, me indicou à diretoria da Petrobras e sugeriu que meu nome fosse levado ao Conselho Deliberativo". Rosa e Lacerda reconheceram ter uma relação próxima com o ex-ministro, mas negaram qualquer apadrinhamento. A desconfiança dos parlamentares membros da CPI é de que os fundos de pensão estejam na origem do dinheiro do empréstimo feito pelos bancos Rural e BMG para alimentar o suposto esquema de pagamento de mensalão. A quarta pergunta feita por Coruja implodiu a reunião reservada da CPI. O deputado quis saber do motivo deles terem pedido um encontro fechado com a comissão. Os três negaram que a idéia tivesse partido deles. Coruja e demais integrantes da oposição se revoltaram. Pediram a imediata abertura da sessão. Os petistas eram contrários por receio de especulação do mercado financeiro. A idéia de fechar o encontro foi do presidente da Comissão, Amir Lando (PMDB-RO), ausente da reunião àquela altura. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) , que presidia os trabalhos, suspendeu a sessão e chamou Lando de volta. Definiu-se, em seguida, convocar de novo os três executivos para quarta-feira. À imprensa, os presidentes dos fundos falaram dos investimentos feitos nos Rural e BMG. A Petros ainda mantém aplicações de R$ 95 milhões nos dois bancos. A Previ e a Funcef tiveram e já se desfizeram das aplicações. Uma relação entre os fundos e Marcos Valério é o aluguel de imóveis à agência de publicidade DNA. A Previ alugou uma sala à agência, mas encerrou o contrato. A Funcef é dona do imóvel onde funciona a sede da DNA em Brasília.