Título: BNDES cria linha que viabiliza ferrovia
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 25/08/2005, Brasil, p. A2

O BNDES criou um programa específico para financiar ferrovias nas regiões Norte e Nordeste, com corte dos spreads (juros adicionais à TJLP) de 3% para até 1%. A linha terá orçamento de R$ 1 bilhão até 30 de junho de 2009 e a taxa de 1% será para projetos que tenham participação de recursos fiscais no investimento. É uma linha moldada para viabilizar o financiamento à ferrovia Nova Transnordestina, um dos maiores projetos de infra-estrutura do governo Lula, com investimento total de R$ 4,5 bilhões. A primeira ferrovia a ser beneficiada com a medida será a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), de Benjamin Steinbruch, um dos sócios privados da Nova Transnordestina. A próxima reunião de diretoria do banco deverá aprovar crédito de R$ 144 milhões para a CFN, ou 80% do valor total do investimento de R$ 180 milhões para recuperar a malha ferroviária, contou Marcos Brito, um dos gerentes do Departamento de Logística do BNDES. Este é o segundo empréstimo do banco à CFN. O primeiro foi de R$ 100 milhões. O projeto da Nova Transnordestina está saindo do papel. No momento, está sendo costurado o protocolo de intenções a ser assinado em breve pelas partes envolvidas, que são o Ministério da Integração Nacional, a CFN, fundos de pensão, BNB e BNDES, que deverá ser sócio da ferrovia. A banco já recebeu uma carta consulta da Nova Transnordestina solicitando crédito para tocar o projeto. Este pedido já foi pré-enquadrado - considerado plausível de receber recursos do banco. A idéia do BNDES é emprestar R$ 400 milhões corrigidos por TJLP e o novo spread de 1%, já que o investimento conta com o aporte de recursos fiscais através do Finor. Além da CFN e a Transnordestina, a Ferrovia Norte-Sul também será contemplada com a redução de spreads, mais a parte da Ferrovia Centro-Atlântica na Bahia e a São Luiz/Carajás, ambas da Vale do Rio Doce. A parte técnica do banco que cuida das ferrovias defende a extensão da medida de redução de spread também para as ferrovias do Sul/Sudeste e Centro-Oeste para aumentar a participação do transporte ferroviário na produção total do transporte brasileiro.