Título: Brasil não terá supercrescimento
Autor: Mendes, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 17/04/2010, Economia, p. 17

São Paulo ¿ Ao mesmo tempo em que fez ameaças às siderúrgicas, que insistem em repassar o aumento de custos para os consumidores, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rechaçou os exageros dos economistas que vêm alardeando a possibilidade de o Brasil registrar um supercrescimento neste ano, de até 7%. ¿Falar em 7% é exagero. Talvez seja desejo de alguns. Nós preferimos trabalhar com taxas entre 5,5% e 6%, mais realistas¿, acrescentou. No entender do ministro, os mesmos analistas que jogaram nas alturas a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano são os que ¿também desejam influenciar na elevação dos juros para um patamar maior do que o necessário¿. Na avaliação de Mantega, há muito o que comemorar com a retomada da economia brasileira, sobretudo porque esse movimento está sendo puxado pelo emprego e pela renda. O aumento do poder de compra dos trabalhadores será, inclusive, o grande responsável pelo fato de o Brasil fechar 2010 com rombo na conta de viagem internacional entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões. Esse buraco, destacou ele, ajudará no avanço do deficit de contas correntes em relação ao ano passado. ¿Mas não será nada preocupante, pois deve ocorrer de forma transitória, o que é tolerável¿, assinalou. Em contrapartida, as contas públicas terão, segundo Mantega, um excelente desempenho neste ano. Pelas suas contas, o Brasil deverá registrar deficit nominal (que leva em conta o pagamento de juros da dívida) ao redor de 1,5% do PIB, resultado que, se confirmado, será o segundo menor do G-20, o grupo das vinte nações mais ricas do mundo. Quanto ao superavit primário (economia que não considera os juros), o ministro assegurou que o governo cumprirá a meta de 3,3% do PIB. ¿Esses números mostram que o governo está comprometido totalmente com a solidez fiscal¿, afirmou. (KM)