Título: País quer definir regras sobre carros com Argentina
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2005, Brasil, p. A3

Diante da rejeição argentina à entrada em vigor do livre comércio de automóveis no Mercosul a partir de 2006, o governo brasileiro espera pelo menos poder definir nos próximos dois meses as regras que disciplinarão o intercâmbio no setor. O objetivo foi expressado ontem por uma fonte que participou em Buenos Aires da primeira reunião oficial entre representantes da indústria automobilística e dos governos dos dois países depois de o presidente argentino, Néstor Kirchner, ter decidido de maneira unilateral, em setembro do ano passado, que a data de liberação do comércio prevista no acordo automotivo não será respeitada. Além de não haver livre comércio, o lado argentino quer restringir ainda mais as condições do intercâmbio de automóveis. Uma fonte do governo local disse que as regras atuais, que prevêem que para cada US$ 1 exportado os países possam importar US$ 2,6 em veículos e peças, colocam a Argentina em desvantagem. O país vizinho quer diminuir essa proporção, para que uma maior parte de seu mercado interno seja ocupada por produção local. A Argentina também se recusa a definir uma nova data para a liberalização, exigindo que antes melhorem as possibilidades da indústria local para enfrentar a competição com a produção brasileira. As autoridades argentinas também querem que as negociações do acordo automotivo contemplem o que consideram ser "assimetrias" que favorecem o Brasil na atração de investimentos das montadoras. Entre as empresas, a disposição é que a liberalização ocorra a partir de 2008, e em fevereiro as duas associações de fabricantes emitiram um comunicado conjunto em que sugeriram a data como meta de um novo acordo. O encontro foi qualificado pela fonte brasileira como preliminar, para a exposição das visões de cada lado. Além de representantes da Anfavea e da Adefa, a associação local das montadoras, participaram funcionários do Ministério do Desenvolvimento, chefiados pelo secretário de Desenvolvimento da Produção, Antonio Sergio Martins Mello, da Secretaria de Indústria argentina e diplomatas da área comercial dos dois países.