Título: Governadores cobram crítica mais suave de Tarso a Palocci
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2005, Política, p. A8

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP) e os governadores do Acre, Jorge Vianna e Piauí, Wellington Dias, foram a São Paulo para tentar obter do presidente do PT Tarso Genro, a reabertura de negociações com o grupo do deputado federal e ex-ministro José Dirceu e a suavização das críticas à política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "É preciso que haja mais cuidado com a defesa da economia brasileira", comentou o senador depois de almoçar com o dirigente e os governadores. Conseguido este compromisso, o senador e os governadores ainda tentarão um armistício entre Tarso e Dirceu, que poderá envolver a manutenção de ambos na chapa, a saída de Dirceu ou a saída dos dois. "Tudo agora se torna possível. Não saímos com nenhuma fórmula resolvida", disse o piauiense. Depois da conversa com Mercadante, Wellington e Jorge Vianna, Tarso Genro deixou aberta a possibilidade de afastar-se da disputa pela presidência, participando da nova direção. "Chego ao extremo de dizer que eu posso não ser necessário. Há também uma possibilidade de composição que também seja uma refundação. Vou ajudar o partido a sair da crise em qualquer hipótese". As entrevistas concedidas ontem por Dirceu (SP) contra a atual direção do PT e anunciando que não abrirá mão de participar do processo eleitoral interno manteve o impasse dentro do Campo Majoritário do partido. Ontem, em São Paulo, o atual presidente da sigla, Tarso Genro, afirmou que Dirceu continua falando em nome da maioria da tendência, impondo restrições a seu nome. O dirigente deixou claro que espera uma manifestação anti-Dirceu dos outros membros da direção petista. "O Campo Majoritário vai ter que dizer à sociedade e a si mesmo quem fala por ele", afirmou. De maneira indireta, Genro recebeu ainda um aceno de Lula. Ontem, ao discursar em solenidade em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez reiterou que quer ver parte da antiga direção do PT responsabilizada e punida. Procurou fazer entretanto, um contraponto a Tarso, que na última segunda se disse sem argumentos, por enquanto, para convencer alguém a votar no PT nas próximas eleições. "Quero dizer para vocês que sou petista, tenho orgulho de ser petista e a justiça começa dentro de casa. Se companheiros nossos cometeram erros, eles terão que ser punidos, tanto quanto se fossem adversários ou inimigos. A lei existe para todos, as regras são para todos e, portanto, todos sabiam que um partido que sofreu para chegar ao poder, como chegou o PT, não poderia ter cometido erros que, historicamente, são cometidos neste país".