Título: Para Ibope, nenhum outro petista tem chance
Autor: Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2005, Política, p. A8

A sucessão presidencial está em aberto, não tem favorito, qualquer candidato pode vencer as eleições, avalia o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Os resultados da pesquisa realizada pelo instituto e divulgada, na terça-feira, mostram, segundo Montenegro, um PT "estraçalhado". E ele diz que nenhum candidato do partido, exceto Lula, mostra chances numa eleição presidencial. "As previsões mais otimistas são de que serão necessários pelo menos 30 anos para o partido se recuperar. O PT nasceu diferente de todos os demais partidos e está morrendo igual a todos os outros. Foi a grande decepção, uma enorme decepção. Mostrou que é igual", lamenta. "O presidente Lula é único candidato que pode salvar o PT, O único que pode catar os cacos" , frisa. E diz que embora o resultado mostre queda de confiança no presidente, ele tem aceitação de peso, pois em um escândalo com acusações de corrupção da magnitude do atual, "qualquer outro presidente teria caído". Essa última pesquisa mostrou que 43% dos entrevistados ainda confiam em Lula, em em junho o percentual era de 56%. "Mas hoje Lula é um candidato normal, qualquer outro pode ganhar, (Anthony) Garotinho ou (José) Serra. Todos têm chance. Fernando Henrique Cardoso é mais complicado. Ele já foi presidente e há uma reação maior", frisa. Na pesquisa, Serra (PMDB-SP) avançou cinco pontos percentuais na preferência dos entrevistados em pouco mais de uma semana se comparado ao resultado de pesquisa do próprio Ibope divulgada no final de semana por encomenda da revista "IstoÉ". A mudança tão elevada foi fortemente influenciada pelo fato das entrevistas da pesquisa, divulgada na terça-feira, terem começaram exatamente em 18 de agosto, dia do depoimento de Rogério Buratti envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no pagamento de propina quando o ministro era prefeito de Ribeirão Preto. E acabou de ser aplicada antes da entrevista coletiva de domingo de Palocci. A pesquisa captou um momento de decepção generalizada. Montenegro avalia que Serra tem um "recall" de ministro da Saúde, da campanha de candidato a presidente, "recall" de candidato a prefeito de São Paulo. Mas avisa que é preciso cuidado ao interpretar esse resultado porque ele, para concorrer, terá que deixar a Prefeitura de São Paulo para o vice do PFL, isso após ter prometido que não sairia. "As palavras que vão pesar na próxima eleição são honestidade, ética, currículo", diz. A pesquisa mostrou crescimento de Serra em todo país. Garotinho (PMDB-RJ) tem também projeção nacional. Montenegro avalia que é devido ao recall das últimas eleições presidenciais e ao apoio dos evangélicos. Já o apoio ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é mais centrado em São Paulo e no Sudeste em geral. A senadora Heloísa Helena (PSol) cresceu na aceitação devido à projeção no Congresso durante a CPI dos Correios e do Mensalão, diz Montenegro. O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), por sua vez, é mais conhecido no Sudeste. Montenegro lembra que em momentos como esse de crise política cercada de seguidas denúncias, os resultados podem se alterar. Toda pesquisa tem uma faixa flutuação se for feita hoje pode dar diferente, diz ele.