Título: Em Salvador, PDT une oposição contra o carlismo
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2004, Política, p. A10

O resultado das eleições de domingo em Salvador deverá ratificar, segundo todas as pesquisas, uma vitória maiúscula entre as capitais do país que terão segundo turno. O deputado estadual pedetista João Henrique Carneiro, da coligação "Salvador no Coração", que uniu o PDT e o PSDB, além de PSL, PSC, PMN e Prona, beneficiou-se da frente de oposição que se formou contra o pefelista César Borges e em nenhum momento teve seu favoritismo ameaçado. Em torno de Carneiro aglutinaram-se todos os principais oponentes no primeiro turno: a ex-prefeita Lídice da Matta (PSB), Benito Gama (PTB), Rogério Tadeu da Luz (PSDC), mas, principalmente, o petista Nelson Pellegrino, um dos responsáveis pela aproximação entre o pedetista e o governo federal. A união foi declaradamente selada como uma frente de oposição ao grupo liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães. "Queremos libertar Salvador do carlismo. Daqui a dois anos, quem sabe, também a Bahia", disse o candidato na quarta-feira, em ato de campanha do qual participaram Pellegrino, Gama e, entre outros, a deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB). A candidatura de César Borges, por outro lado, enfrentou reveses como a internação de ACM, seu principal cabo eleitoral, para a colocação de um marcapasso. Em ato de apoio a ele protagonizado pela cúpula nacional do PFL, o foco acabou sendo a ainda não resolvida briga entre Magalhães e Jorge Bornhausen, presidente nacional do partido. Borges, ainda se dizendo confiante em uma virada, fazia na última semana fortes apostas em seu desempenho nos debates pela TV. O último dos três embates entre os dois candidatos será realizado hoje pela TV Bahia, afiliada da Rede Globo no Estado. Foto: Xando P./Agência A Tarde

César Borges enfrentou brigada contra o carlismo e divisões internas no PFL Borges tem como trunfos o apoio do governador Paulo Souto e do prefeito Antonio Imbassahy, ambos pefelistas. O prefeito deixa o cargo após dois mandatos consecutivos, que conquistou sem a necessidade de disputas no segundo turno, e com bom índice de aprovação. ACM, no entanto, tem feito declarações nas quais admite a possibilidade de derrota no domingo. O senador tem se mostrado mais engajado em definir as estratégias para as eleições de 2006. Já Carneiro, do PDT, partido de oposição, aproximou-se do Planalto e usou isso como argumento de campanha no segundo turno, logo que a união com o PT foi selada. O ministro da Saúde, Humberto Costa, foi à TV pedir votos para João Henrique e dar apoio à idéia de municipalização dos serviços de saúde, uma das bandeiras da campanha do candidato. Jaques Wagner, ministro do Trabalho, também foi destacado para reforçar a caminhada do pedetista. "Ele disse que será um dos embaixadores da Prefeitura de Salvador no governo federal", afirma Carneiro. O último ato público de campanha de César Borges foi um comício, realizado na noite de quarta-feira na periferia da cidade. O candidato prepara-se agora para o debate de hoje à noite. João Henrique, que fez apenas caminhadas com simpatizantes durante toda a campanha, dispensando os comícios, participará amanhã de uma última carreata.