Título: Usiminas será dona de 16% da Ternium
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2005, Empresas &, p. B8

Siderurgia Companhia incorpora participações e investe US$ 100 milhões na holding criada pela Techint

A Usiminas, maior fabricante de aços planos da América Latina, vai ficar com 16% do capital da Ternium, megasiderúrgica que está sendo formatada pelo grupo Techint, reunindo os ativos da argentina Siderar, a venezuelana Sidor e da Hylsamex, do México. O negócio foi anunciado ontem. Desde que a Ternium começou a ser idealizada, a Usiminas tinha o interesse em deter pelo menos 10% das ações da nova empresa. Além das participações que possui na Siderar, de 5,3%, e de 16,6% na Sidor (por meio do Consórcio Amazônia, que controla 60% do capital votante), a Usiminas fará um aporte adicional de US$ 100 milhões na nova empresa, que pretende ser uma gigante do aço na América Latina. A fonte desses recursos não foi divulgada no comunicado enviado ontem à Bovespa. A siderúrgica mineira informou que será também controladora da Ternium, junto com a Techint e terá participação na gestão e na governança. A Usiminas anunciou ainda que vai criar uma subsidiária integral no exterior. Denominada Usiminas Europa, a empresa terá sede legal na Dinamarca e vai abrigar sua participação na Ternium, que por sua vez é sediada em Luxemburgo. A criação da Ternium foi anunciada na última segunda-feira pela Techint, ao mesmo tempo que o grupo ítalo-argentino finalizou a aquisição de 100% do capital da Hylsamex, um negócio de US$ 2,25 bilhões. A holding dispõe de capacidade de produção de 12 milhões de toneladas de aços planos e longos por ano e parte em busca da liderança no mercado latino-americano. Seu alvo é ficar entre as 20 maiores siderúrgicas do mundo. A receita da nova empresa é estimada em US$ 5 bilhões. A operação entre a Techint e a Usiminas é mais um movimento da consolidação da siderurgia da região. Esse pode ser um primeiro passo para uma operação de maior vulto no futuro, que englobaria os ativos no Brasil. A Usiminas opera duas usinas com capacidade para 9,5 milhões de toneladas ao ano e tem planos de crescer para até 12 milhões. Em maio deste ano, a Techint havia anunciado a compra do controle da Hylsamex junto ao grupo mexicano Alfa. Adquiriu ao mesmo tempo as ações do Alfa na Sidor. No mesmo mês, a Usiminas concluiu a aquisição de 100% de sua controlada, a Cosipa, consolidando assim o Sistema Usiminas, grupo apto a fabricar cerca de 9 milhões de toneladas de produtos planos acabados por ano. A Usiminas também conseguiu uma redução significativa de seu endividamento, fruto de uma severa crise financeira enfrentada pela controlada Cosipa no começo da década. Hoje, a dívida líquida é de R$ 2,4 bilhões, com relação dívida líquida/lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 0,4. No meio do ano passado, a divida era de R$ 6 bilhões. Com a vida financeira em ordem, a parceria com a Techint pode dar novo fôlego aos negócios da Usiminas, uma vez que o grupo ítalo-argentino teve faturamento no ano passado US$ 11 bilhões. O conglomerado atua nas áreas de siderurgia (aços planos, longos e tubos com e sem costura), construção civil e energia. Além disso, o processo deverá gerar sinergias operacionais a longo prazo. O conselho da Usiminas, ao analisar a proposta, impôs à operação algumas condições, como participação de no mínimo 10% no capital da holding e processo de avaliação das empresas por consultoria independente, adotando o critério de fluxo de caixa descontado. Outro ponto é que a holding liste ações no mercado por meio da Bolsa de Nova York dentro de um certo prazo. A Usiminas queria ainda garantir um mecanismo de saída caso as condições negociadas não fossem atendidas. Para a Usiminas, estar presente na holding da Techint é um passo importante dentro do processo de consolidação da siderurgia mundial. O presidente da companhia, Rinaldo Campos Soares, não quis se pronunciar sobre a operação ontem. Recentemente, disse que "a Usiminas está sempre atenta às oportunidades de alianças e negócios internacionais". (Colaborou Ivo Ribeiro, de São Paulo)