Título: Exportação de fumo volta a bater recordes
Autor: Fernando Lopes
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2005, Agronegócios, p. B11

Balança Embarques do país deverão superar 600 mil toneladas e render até US$ 1,7 bilhão no acumulado do ano

Apesar da seca do início do ano no Sul ter afetado a produção da região - que concentra a atividade no país -, as exportações brasileiras de fumo, que já dominam o mercado internacional, deverão bater novos recordes de volume e receita em 2005. Conforme o Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), os embarques gaúchos, catarinenses e paranaenses deverão superar 600 mil toneladas, ante 588 mil em 2004, e essas vendas deverão render entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,7 bilhão, contra US$ 1,49 bilhão do ano passado. Conforme a entidade, os Estados do Sul respondem por quase toda a produção nacional de fumo para cigarro, com um volume que chegou a 839.126 toneladas na safra 2004/05, ante o recorde de 852 mil toneladas de 2003/04. No Nordeste, Bahia e Alagoas também são produtores, mas de fumo para charuto e em volume conjunto inferior a 40 mil toneladas. "Prevíamos inicialmente 880 mil toneladas para 2004/05 no Sul, mas a estiagem do primeiro trimestre principalmente no sul do Rio Grande do Sul afetou a safra", disse Cláudio Henn, presidente do Sindifumo. Com isso, a produtividade das lavouras da região Sul, prevista inicialmente em 2.040 quilos por hectare na safra 2004/05, ficou em 1.938 quilos, cerca de 100 quilos a menos que na temporada anterior. A qualidade também foi prejudicada - o sul gaúcho sofreu mais -, mas a rentabilidade para os produtores, conforme Henn, foi positiva. Para o próximo ciclo (2005/06) - cujo plantio no Sul, a grosso modo, vai de setembro a novembro, para uma colheita a partir de novembro - o Sindifumo estima redução de cerca de 4% da área plantada, mas produtividade superior a 2 mil quilos por hectare e produção de 840 mil toneladas. Com isso, as exportações tendem a permanecer firmes no ano que vem, mas sem perspectivas de crescimento significativo. Isso porque o Brasil já responde por quase um terço das exportações mundiais de fumo para cigarros, e seus maiores concorrentes, Estados Unidos e Zimbábue, ainda estão com oferta restrita. Vale lembrar que foi a queda da oferta desses países que abriu mais espaço para o fumo brasileiro no mercado internacional nos últimos anos. A União Européia absorve 40% das exportações do Brasil. O Extremo Oriente, puxado por China e Japão, fica com 23%, enquanto o Leste Europeu, ancorado pela Rússia, compra o equivalente a 13%. Conforme Henn, no caso russo as vendas brasileiras cresceram muito depois que fábricas o país abriu fábricas de cigarros e deixou de importar o produto acabado para comprar fumo.