Título: Serra amarra os palanques
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2010, Política, p. 2

Encontro Nacional do PSDB, hoje, em Brasília, servirá de pontapé inicial para a campanha do ex-governador paulista e ajudará o partido a costurar alianças estratégicas. Ideia da chapa de oposição é conquistar dez estados

# Denise Rothenburg Josie Jeronimo

O PSDB abre hoje oficialmente a pré-campanha de José Serra pela Presidência da República na esperança de reconquistar o Planalto e, de quebra, eleger 10 governadores. As contas tucanas indicam que, somados ao DEM e ao PPS, eles podem preservar os dois maiores colégios eleitorais do país São Paulo e Minas Gerais e, ainda, fincar a bandeira em Goiás, Pará, Paraná, Piauí, Mato Grosso, Tocantins, Roraima e Rondônia (leia quadro). O Encontro Nacional do PSDB, hoje, no Centro de Convenções Brasil 21, tenta mostrar que, ao contrário do que prega o PT, o PSDB tem palanques Brasil afora. O único local em que a situação permanece embolada é o DF, onde o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) buscou conversa, mas o PSDB ainda não fechou aliança.

Além de palanques em estados considerados chaves, o tucanato apostará em segmentos específicos do eleitorado, como os evangélicos e o agronegócio. Os evangélicos ficaram desconfiados com o Programa Nacional de Direitos Humanos do governo, que prevê a proibição de cultos religiosos em repartições públicas. Também são contra a legalização do aborto. Em relação ao agronegócio, a ideia dos tucanos é aproveitar o discurso que Serra fará hoje para deixar claro que o partido não compactua com as invasões de terra e que o PT costuma ser condescendente com o Movimento dos Sem Terra (MST). Na Confederação Nacional de Agricultura (CNA), presidida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), Dilma Rousseff é tratada nos bastidores como a candidata do MST, com destaque para a inexperiência da petista para administrar conflitos.

Tanto o agronegócio quanto os evangélicos foram fundamentais para a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994. O ex-presidente já foi inclusive escalado para abrir o evento, por volta das 10h30. Serra só entrará no salão principal na hora em que for discursar. Também não haverá mesa no palco para os oradores, apenas um púlpito e um painel-cenário de 30 metros de comprimento.

Serra só estará disponível para fotos com os quase convidados depois do discurso. Cópia do texto que o tucano apresentará foi enviada ao responsável pela comunicação da campanha, o marqueteiro Luiz Gonzalez, por volta das 8h de ontem. A ideia do PSDB é colocar o candidato para falar com representantes de todos os estados e de todos os partidos, de forma a aproximá-lo desde já de líderes estaduais e municipais encarregados de manter a campanha presidencial viva fora do palanque eletrônico, a TV e a internet.

Sono Além dos dez estados em que o PSDB pretende emplacar seus candidatos, eles apostam as fichas em conquistar Santa Catarina com o DEM do senador Raimundo Colombo. O processo inclui até uma potencial aliança com o PMDB do ex-governador Luiz Henrique, candidato ao Senado. Paira no ar, ainda, a intenção do governador Leonel Pavan (PSDB) de concorrer a novo mandato. Meus filhos não querem que eu seja candidato, mas o partido está me pressionando, diz o governador. Pavan só dará a resposta em maio. Em política, a expressão o partido me pressiona costuma significar eu gostaria de concorrer.

O avanço tucano no Sudeste e no Sul tem tirado o sono dos petistas. O palanque mais forte de Dilma é o Rio de Janeiro de Sérgio Cabral (PMDB), mas a declaração de apoio adicional do PT à candidatura de seu rival Anthony Garotinho (PR) estremece a relação. A presença marcante da pré-candidata do PV à Presidência Marina Silva no Norte também conta como fator favorável a Serra. Os tucanos esperam ter mais da metade dos votos na região. Em Roraima, o PSDB conta com a rejeição à candidata de Lula no embalo da imagem negativa do governo depois da polêmica envolvendo a reserva Raposa Serra do Sol, que colocou os produtores de arroz contra os petistas. Custo a crer que tenha vitória uma candidatura apoiada pelo MST onde existe o agronegócio, diz o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Leia mais sobre o encontro do PSDB no blog da Denise

Aliados de Serra pelo Brasil

Acre Ex-prefeito de Acrelândia, Tião Bocalon (PSDB) tenta atrair o apoio do PMDB no estado.

Alagoas Candidato à reeleição, Teotônio Vilela (PSDB) tenta agregar o DEM no estado.

Amapá O deputado estadual Jorge Amanajás (PSDB) tenta atrair o PSB para sua campanha ao governo.

Amazonas Apesar de pertencer a um partido da base aliada, o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) não deve oferecer palanque a Dilma.

Bahia O ex-governador Paulo Souto (DEM) sonha reunir carlistas divididos.

Ceará Tasso Jereissati organizará o palanque tucano.

Distrito Federal Indefinido.

Espírito Santo O deputado Luiz Paulo Vellozo (PSDB) é pré-candidato ao governo.

Goiás Marconi Perillo (PSDB) ainda não fechou com o DEM, pois os tucanos enfrentam resistência de Ronaldo Caiado (DEM).

Maranhão Jackson Lago (PDT) deve representar o tucanato nas eleições para o governo.

Mato Grosso O ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) concorre ao governo.

Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) concorrerá ao governo.

Minas Gerais Antônio Anastasia (PSDB) herdou o cargo de Aécio e tentará eleição.

Pará O ex-governador Simão Jatene (PSDB) é a aposta tucana.

Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) é pré-candidato ao governo.

Paraná Beto Richa (PSDB) deixou a prefeitura de Curitiba para pleitear o governo.

Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB) acena com candidatura, mas a oficialização de Michel Temer como vice de Dilma pode comprometer os planos.

Piauí Sílvio Mendes (PSDB) busca apoio do PTB de João Vicente Claudino.

Rondônia Forte nas pesquisas, o ex-senador Expedito Júnior (PSDB) decidiu concorrer. João Cahulla (PPS), vice de Ivo Cassol, também deve oferecer palanque a Serra.

Roraima O governador José Anchieta Júnior (PSDB) tenta a reeleição.

Rio de Janeiro Fernando Gabeira (PV) disputa o governo e tenta negociar as vagas ao Senado com o PSDB.

Rio Grande do Norte A senadora Rosalba Ciarlini (DEM) é candidata ao governo do estado.

Rio Grande do Sul Yeda Crusius (PSDB) tenta reeleição e quer atrair o PP.

Santa Catarina O senador Raimundo Colombo (DEM) concorrerá ao governo.

São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) é o candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Sergipe O ex-governador João Alves (DEM) quer retomar o comando do estado.

Tocantins O ex-senador Siqueira Campos (PSDB) anima os tucanos nas pesquisas, mas a senadora Kátia Abreu (DEM) também pensa entrar na disputa e significaria um segundo palanque a Serra.