Título: Celepar e Procergs concentram projetos em suas fronteiras
Autor: João Luiz Rosa e Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2005, Empresas &, p. B2

Quando uma fornecedora privada de software quer vender seus produtos e serviços a alguma prefeitura do Rio Grande do Sul, o melhor caminho - e muitas vezes o único - é uma parceria com a Procergs, a empresa de processamento de dados do Estado. O procedimento é simples: a Procergs especifica as características que julga atender às necessidades da prefeitura, seleciona duas ou três candidatas e as submete para a escolha da administração municipal em questão. Uma exigência inflexível é que a vencedora abra o código-fonte - a receita que mostra como o software foi desenvolvido - de seu sistema à Procergs. "Efetivamente nos apropriamos do código-fonte da solução", afirma Carlos Alberto Pacheco de Campos, diretor-presidente da Procergs. "Isso dá segurança de continuidade ao Estado. Mesmo se a empresa sair da parceria, sabemos manter e aprimorar o software adquirido." Pelo acordo, as companhias privadas cobram pelo software e a Procergs pelo serviço de instalar o sistema em seus computadores. A fatura é feita de uma só vez para a Procergs, que depois divide o valor com a iniciativa privada. Não raro, o contrato é assinado em conjunto com o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), que oferece financiamento às prefeituras para aquisição de tecnologia. "Geralmente os fornecedores têm grande dificuldade de vender para as prefeituras. Com esse sistema, eles se tornam nossos parceiros, o que dispensa o processo licitatório", afirma Campos. Os negócios com as prefeituras respondem por cerca de 10% do faturamento de R$ 35 milhões da Procergs. A empresa de processamento de dados também oferece alguns serviços à iniciativa privada. É o caso do Via-RS, o primeiro provedor de acesso do Rio Grande do Sul, que em outubro completa dez anos. Outra oferta que extrapola o âmbito do governo é o Via-jus, um boletim eletrônico sobre a movimentação de processos judiciais. As informações são enviadas para os e-mails e celulares de advogados, que pagam pelo serviço. A Companhia de Informática do Paraná (Celepar) também atende à maior fatia possível das necessidades de informática dentro das fronteiras do Estado. A empresa é conhecida por adotar software livre - programas com o código fonte aberto, como o Linux - em larga escala. Um dos principais projetos que a Celepar coordena no momento é o programa de informatização da rede escolar estadual. Cada uma das duas mil escolas terá um laboratório de informática para os alunos. A iniciativa também compreende a informatização da parte administrativa e um portal com conteúdo para os professores prepararem as aulas. No total, serão comprados 40 mil computadores pessoais - 20 por escola, na média -, além de 2 mil servidores (computadores de grande porte). Todas as máquinas rodarão software livre. A Positivo Informática, uma empresa paranaense com sede em Curitiba, ganhou a licitação. O primeiro lote, no valor de R$ 18 milhões, já foi contratado, compreendendo todos os servidores e os primeiros dez mil PCs. "Nosso objetivo é iniciar o ano letivo de 2006 com tudo no ar", afirma Marcos Vinicius Ferreira Mazoni, presidente da Celepar. O projeto tem um orçamento de US$ 35 milhões, a maioria financiada pelo Banco Mundial. Outra iniciativa capitaneada pela Celepar é a modernização dos sistemas do Detran. "Estamos reescrevendo todas as aplicações do Detran, que serão baseadas em sistemas abertos, desde o banco de dados até a interface final", diz Mazoni. Também está prevista a compra de máquinas para as 192 centrais do órgão - um total de 3 mil PCs e aproximadamente 40 servidores. O projeto, que deve ser concluído no fim do ano, envolve recursos da ordem de R$ 25 milhões. A Celepar desenvolve, integra e hospeda os novos sistemas, além de especificar os requerimentos dos equipamentos para licitação. "Ninguém presta serviços de tecnologia ao Detran do Paraná além de nós", diz Mazoni. "Até 2002 o órgão ainda trabalhava com algumas empresas privadas de serviços de tecnologia, mas isso acabou." (RC)