Título: Planos de crescer no setor privado
Autor: Maria Christina Carvalho e Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2005, Finanças, p. C1

O envolvimento na crise política, depois que vieram à tona os empréstimos ao PT e ao empresário Marcos Valério, pegou o Banco BMG em meio a um ambicioso planos de expandir as operações de crédito consignado, especialmente na carteira de empréstimos para trabalhadores da iniciativa privada. Em junho, antes da exposição negativa na mídia, o crédito consignado para a iniciativa privada respondia por apenas R$ 500 milhões da carteira total de R$ 6 bilhões. Mas era justamente neste segmento que a direção estava apostando suas fichas. "Esse é o futuro", comentou o vice-presidente do banco, Roberto Rigotto, no final de junho, durante entrevista ao Valor. "Afinal, tem mais gente trabalhando na iniciativa privada do que recebendo da previdência." Segundo Rigotto, a carteira privada vinha crescendo num ritmo mais acelerado do que o das operações para funcionários públicos e para aposentados e pensionistas do INSS. A avaliação da direção do banco era de que o filão do crédito consignado para iniciativa privada não seria muito disputado pelos grandes bancos, que ganham mais com empréstimo pessoal e cheque especial para os funcionários das empresas que são seus clientes. Segundo Rigotto, para os grandes bancos, ganhar 3,5% com o crédito consignado, é mal negócio. Mas, para o BMG, que não é um banco de varejo, é um negócio muito promissor. Entre as empresas da iniciativa privada conveniados com o BMG já estavam, no fim de junho, grandes indústrias como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Usiminas e a DaimlerChrysler. De acordo com os bancos, cerca de 2 mil empresas tinham convênio com o banco para a concessão de empréstimo com desconto em folha. Animada com o desempenho, a direção do banco trabalhava num projeto piloto para avançar ainda mais na modalidade do crédito consignado, entrando no financiamento direto ao consumo. As negociações com indústrias fabricantes dos bens que seriam financiados já estavam adiantadas. E a previsão era anunciar o programa, baseado em vendas pela internet, até o final do mês de julho. O banco, no entanto, não voltou a falar sobre o assunto. A direção do banco não quis comentar o desempenho do crédito consignado nos dois últimos meses. Os analistas de mercado esperam mais informações no balanço semestral, que ainda não foi divulgado. (IM)