Título: Banco Popular registra prejuízo de R$ 21,9 milhões no 1º semestre
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2005, Finanças, p. C2

O Banco Popular do Brasil (BPB), subsidiária do Banco do Brasil para a área de microfinanças, registrou prejuízo de R$ 21,977 milhões no primeiro semestre de 2005, segundo o balanço que está sendo publicado hoje. A instituição está refazendo seu plano de negócios e projeta que seus balanços - que estão no vermelho desde a fundação, em 2003 - deverão registrar lucros só em 2008, e não mais em 2006, como antes previsto. O presidente do BPB, Geraldo Magela, explica que, na fase de consolidação, o plano de negócios do banco já previa prejuízos. Ele diz que no primeiro semestre de 2005, em particular, o resultado foi menos negativo do que o orçado - o plano inicial de negócios contemplava uma perda de R$ 61,4 milhões, que foi reduzida a cerca de um terço. "Cortamos custos e reorientamos a atuação do banco, para reduzir os prejuízos", disse Magela. Segundo ele, o novo plano de negócios está sendo traçado de forma que os balanços entrem no azul um pouco mais tarde; mas, em contrapartida, como os prejuízos semestrais são menores, reduz-se a perda global. Um dos principais cortes de gastos foi nas ações de publicidade e marketing, que, no início deste ano, foram duramente criticadas por parlamentares de oposição. Em vez dos R$ 16 milhões inicialmente orçados, o gasto ficou em R$ 3 milhões. "Verificamos que pequenas ações de divulgação em volta dos nossos pontos de atendimento dão mais resultados do que campanhas nacionais de publicidade", disse Magela. Os prejuízos na fase inicial de implantação do BPB eram esperados porque o novo banco, que começou a operar comercialmente em meados de 2004, fez pesados investimentos em informática, na consolidação da marca e na instalação de sua rede de atendimento. Em junho, o banco, que trabalha exclusivamente com correspondentes bancários, tinha 5.484 pontos. Nestes primeiros semestres de atuação, o banco também irá conviver com uma receita menor, até que que a carteira de crédito atinja sua maturação e que se eleve a venda de produtos financeiros recém-lançados, como seguros e novas linhas. Até que a carteira de crédito atinja a maturação, o BPB está convivendo com um índice de inadimplência bem superior à media do sistema bancário. A carteira de crédito em junho era de R$ 54,128 milhões, e os valores provisionados para devedores duvidosos somavam R$ 13,095 milhões. Ou seja: as provisões equivalem a 24,19% da carteira. No sistema financeiro como um todo, essa relação era de 5,6% em julho, de acordo com dados do Banco Central. O reforço das provisões no semestre foi de R$ 12,401 milhões. Sem revelar percentuais, Magela diz que os índices de inadimplência são menores para as operações mais recentes. Isso porque, afirma, o BPB mudou sua metodologia para concessão de crédito. No início de suas operações, em 2004, o banco concedia um limite automático de R$ 600 para todos os clientes. A partir de fins de 2004, passou a elevar paulatinamente os limites. O novo cliente tem, inicialmente, um limite de R$ 50. Caso se mostre bom pagador, o limite sobe para R$ 100, e assim sucessivamente. O BPB também está sendo menos agressivo na atração de novos clientes, o que atenua a seleção adversa - ou seja, a atração de maus pagadores. No primeiro semestre, foram abertas R$ 497,6 mil contas, o que elevou a base de correntistas a 1,584 milhão.