Título: CEF libera FGTS para moradores
Autor: Rizzo, Alana; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2010, Brasil, p. 10

CEF libera FGTS para moradores

Cinco dias depois do início das chuvas que castigaram o estado do Rio de Janeiro, a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou, ontem, a liberação do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores que vivem em quatro municípios atingidos pelo desastre: Niterói, Maricá, São Gonçalo e a capital, Rio. Os moradores dessas cidades terão direito ao benefício porque os governantes decretaram estado de calamidade pública ou situação de emergência, uma das exigências para que o dinheiro possa ser sacado pelas vítimas das enchentes.

O superintendente nacional de atendimento da CEF, Elício Lima, afirmou, no entanto, que ainda não há uma previsão para que os beneficiados possam ir ao banco retirar o dinheiro. Essa é uma exigência legal, mas precisa passar por algumas etapas antes que os valores sejam liberados. Estamos aguardando o retorno do Ministério de Integração Nacional sobre os pedidos dos prefeitos e, em seguida, a delimitação e entrega da Declaração de Áreas Afetadas, preparada pelas próprias prefeituras, explicou. Só depois disso, o trabalhador, mediante comprovação de residência, pode ir à agência sacar o dinheiro, completou. O benefício é limitado ao saldo existente na conta vinculada ou, no máximo, a R$ 4.650.

O Correio conversou por telefone com a bancária Cristina Borges, 48 anos, uma das vítimas que terá direito ao saque do FGTS. Moradora de Niterói, ela foi surpreendida, na noite da última segunda-feira, por uma enxurrada de água e lama que invadiu a casa onde vive. No dia seguinte, o saldo catastrófico: móveis e aparelhos eletrônicos destruídos, paredes comprometidas e todas as portas da residência estragadas. Fiquei uma noite inteira acordada, tentando salvar alguma coisa. Estava sem água e luz. Pela manhã, me dei conta do tamanho do prejuízo. É muito triste ver grande parte do que conquistei ao longo do tempo ser destruída de uma só vez, lamentou. A liberação do benefício pode ser um bom negócio, mas não sei se resolve. Quem perdeu tudo, por exemplo, não vai conseguir grande coisa com o limite imposto pelo governo, ressaltou.

No início da tarde de ontem, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, determinou a liberação de cerca de R$ 125 milhões, em caráter emergencial. As secretarias que receberão a maior parte da verba são as de Saúde e Defesa Civil (R$ 60,2 milhões) e a de Obras (R$ 31,6 milhões). Logo depois, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou a criação de uma linha de crédito também para as prefeituras do estado que decretaram estado de emergência ou calamidade pública. O total pode chegar a R$ 1 bilhão, com juros de 3%, por meio do programa Pró-Moradia Emergencial, com financiamento de até 30 anos.