Título: Atraso pode prejudicar crescimento econômico e elevar tarifa, alerta Levy
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 24/08/2005, Brasil, p. A3
O atraso no licenciamento ambiental para a construção de novas usinas hidrelétricas pode prejudicar o crescimento do país e também elevar os preços das tarifas. O alerta foi dado ontem pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, durante palestra no Encontro da Frente de Defesa da Infra-Estrutura Nacional. "Se há preocupação que em 2010 vai haver mais dificuldades porque há questões ambientais, essa perspectiva começa a afetar o crescimento hoje. Nesse sentido, garantir a suavidade da transição entre as usinas que já estão sendo construídas e o novo conjunto que vai começar depois de 2010 é fundamental para manter o crescimento neste ano, ano que vem e nos próximos anos", disse Levy. Quanto ao impacto negativo nas tarifas, a apresentação de Levy deixou claro que, um eventual atraso na geração de energia hidrelétrica nova, levaria, em um "futuro próximo" (2007-2010), a um aumento dos preços. Isso porque a energia das termelétricas, mais cara, teria de ser utilizada e também teria de ser acelerada a construção de gasodutos. Para o secretário, apesar de tudo, o investimento no Brasil continua crescendo. As empresas estão apostando em uma taxa de crescimento do PIB de 4% a 5%. Nesse contexto, ele disse que a questão da oferta de energia nova "está sendo bem encaminhada". Em 2004, a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, alertou em reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) que as chances de racionamento de energia em 2010 aumentariam se não pudessem ser realizadas as licitações de 17 novas usinas hidrelétricas até o fim de março de 2005. A preocupação da ministra, um ano atrás, era a demora nas licenças ambientais. Na sua primeira entrevista coletiva, o atual ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, informou que, dessas 17 novas usinas, somente obteve licenciamento ambiental prévio a de Baguari (MG). Essas 17 novas usinas foram projetadas para gerarem 2,8 mil MW e o leilão de energia nova está previsto para outubro ou novembro. Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Ralf Lima Terra, o risco de racionamento vem aumentando. A entidade, um ano atrás, calculava que o risco de racionamento poderia aumentar em 2009, devido ao crescimento do consumo frente à oferta de energia. Como nesse período as novas usinas não foram viabilizadas, a Abdib mudou seu alerta de risco para 2008. No primeiro semestre, o consumo de energia cresceu 6,5% na comparação com o mesmo período de 2004. A previsão para este ano é a de uma variação de 5,5%. Levy também negou que o governo vá modificar, neste momento, a meta de superávit primário de 2005 e 2006, prevista para 4,25% do PIB. Ele disse que fazer um esforço fiscal maior exige verificar como serão, por exemplo, as despesas com a Previdência e a arrecadação. (Colaborou Daniel Rittner)