Título: Advogado de Buratti alega depressão para adiar depoimento
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 24/08/2005, Política, p. A9

O novo depoimento de Rogério Buratti à CPI dos Bingos, marcado inicialmente para hoje, deverá ser adiado. Ele alega estar sob cuidados médicos, deprimido e sedado. O advogado de Buratti, Roberto Telhada, afirmou aos parlamentares da comissão que o depoimento seria prejudicado por causa do estado clínico do seu cliente e propôs um acordo para que ele fosse ouvido somente na próxima semana. A CPI rejeitou a proposta e quer o depoimento até amanhã, no máximo. Se ele não comparecer até amanhã, uma junta médica do Senado irá até São Paulo para fazer uma avaliação. Segundo relatou o advogado aos senadores, o ex-assessor de Antonio Palocci ficou muito abalado após a repercussão das suas acusações, feitas na semana passada, contra o ministro da Fazenda. Buratti disse que a Leão Leão, empresa de coleta de lixo em Ribeirão, entregava propina de R$ 50 mil por mês a Palocci para ser favorecida em licitações. O ministro nega com veemência as acusações. Na segunda-feira e durante toda a manhã de ontem, a CPI tentou em vão um contato com Buratti para confirmar o horário do novo depoimento. Diante do súbito desaparecimento dele, o relator da CPI, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), chegou a acionar o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda. A PF não conseguiu encontrá-lo em Belo Horizonte, onde mora, nem em Ribeirão Preto ou em São Paulo. Até o advogado Roberto Telhada argumentava não saber o paradeiro dele. Parlamentares já especulavam sobre as pressões em cima de Buratti para que ele "sumisse" quando Telhada informou, somente à tarde, tê-lo localizado em São Paulo. Ele aproveitou uma reunião em Brasília para correr ao Senado, onde teve encontro reservado com o presidente e o relator da CPI. Depois, para evitar a imprensa, saiu pelos fundos da sala. A manutenção de Telhada no caso surpreendeu os parlamentares da CPI, que davam como certa a sua saída do caso. Na semana passada, após a decretação da prisão temporária de Buratti, o advogado afirmou não concordar com a proposta de delação premiada pelo Ministério Público e manifestou a intenção de deixar de atender o cliente. (DR)