Título: Diferença de ganhos entre multimercados agressivos é grande
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 24/08/2005, EU &, p. D2

Fundos Índice elaborado por consultoria mostra que aplicações mistas têm rentabilidade abaixo do CDI

O mês de julho reforçou a má fase dos fundos multimercado mais agressivos, os fundos hedge. Segundo dados da RiskOffice, consultoria especializada em investimentos, as principais carteiras do mercado - tanto as abertas quanto as fechadas - dos chamados fundos hedge ficaram abaixo do retorno do CDI. É o que mostra o Índice de Fundos Multimercado (IFM) calculado pela consultoria. Em julho, o indicador composto somente por fundos abertos registrou ganho de 1,06%. Já o índice das carteiras fechadas para captação apresentou rentabilidade de 1,12%, para um CDI de 1,51% e um índice Bovespa de 3,66%. No total, 34 fundos abertos e 32 fechados compõem o referencial. A disparidade entre os resultados individuais das carteiras também foi ampla, diz Fernando Lovisotto, sócio da RiskOffice. Entre os fundos abertos, os retornos variaram de perda de 0,58% a ganhos de 2,70%. "Os que se saíram melhor foram os que têm um pouco mais de bolsa, e que foram beneficiados pela recuperação do Ibovespa", afirma Lovisotto. Já entre as carteiras fechadas, a dispersão foi ainda maior: de 2,52% de ganho a 1,08% de perda. Essa diferença mostra que, apesar de todos os fundos se classificarem como multimercados agressivos, as estratégias variam bastante entre as carteiras. Por isso, o investidor deve ter muito cuidado na hora de escolher onde aplicar, buscando entender a proposta de cada gestor, afirma Lovisotto. Um ponto positivo foi que 57% das aplicações que compõem o IFM de fundos abertos superaram o referencial no mês. Se observado o desempenho no ano, esse número sobe para 63%. No ano, o índice mostra que os principais fundos multimercados ainda estão abaixo do CDI. O indicador de fundos abertos acumula 9,39% até julho, o de fundos fechados 8,84% e o CDI 10,57% no mesmo período. O fato de os fundos abertos estarem indo melhor reflete a entrada de novos gestores no mercado, que têm patrimônio menor, mas contam com maior agilidade e buscam mais retorno. Já os fundos fechados para captação tendem a correr um pouco mais de risco e estão um pouco piores, afirma Lovisotto. A disparidade de rentabilidades também é expressiva no desempenho anual. Alguns registram retorno de 3,15%, enquanto outros apresentam rendimento de 15%. Um dos exemplos de fundos bem-sucedidos são o Polo e o Credit Suisse. O primeiro um fundo de arbitragem com ações (compra o ativo que acha que vai subir e vende o que deve cair). Já o segundo mistura arbitragem e apostas direcionais (que acreditam na tendência de um determinado mercado e buscam ganhar com isso). Segundo Lovisotto, a grande diferença em termos de ganhos começa a existir quando há mudanças de cenário. Alguns gestores de recursos acham que crise acabou e outros acreditam que vai piorar. "Não é como antes, em 2003, quando estavam todos com a mesma aposta, todos comprados em bolsa e vendidos em dólar", diz. Ele acredita que hoje há mais variedade de apostas e a maioria dos gestores deve ter encurtado as posições.