Título: Alta do PIB pode chegar a 1,4% no segundo trimestre
Autor: Vera Saavedra Durão e Denise Neumann
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2005, Brasil, p. A3

O país acelerou o ritmo de crescimento no segundo trimestre e o desempenho foi puxado pelo investimento e pela produção da indústria. De acordo com previsões de consultorias e departamentos econômicos de bancos, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre cresceu entre 1,1% e 1,4% em relação ao primeiro trimestre, já descontando os fatores sazonais. No primeiro trimestre, o crescimento foi menor, de 0,3% em relação ao final de 2004. Dependendo do resultado, as consultorias podem rever, para cima, as previsões para o PIB do ano, hoje entre 3,0% e 3,5%. Nas contas da MB Associados, a indústria produziu 5,1% mais no segundo trimestre e manterá um bom desempenho até o fim do ano ajudada por uma recuperação de 5% na massa real de rendimentos. Com base no resultado da produção industrial de junho, que fechou o segundo trimestre com aumento de 2,1% na comparação com o primeiro trimestre, a LCA Consultores projeta crescimento de 1,4% para o PIB do segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre e de 3,7% em relação ao mesmo período de 2004. O Credit Suisse First Boston divide o desempenho da indústria e calcula que dos 5,4% previstos para o setor em relação ao mesmo período de 2004, a maior expansão é da indústria extrativa, com 6,9%, enquanto a indústria de transformação cresceu 2,9% na mesma comparação. Para o PIB, o banco espera 1,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Além de produzir, o setor industrial voltou a investir. Com base na produção e importação de máquinas e equipamentos, as consultorias projetam que a taxa de investimentos cresceu entre 4,3% e 6,0% em relação aos primeiros três meses, recuperando parte da queda anterior (menos 3,0% em relação ao quarto trimestre). O Informativo Econômico do Banco Itaú aposta na recuperação vigorosa da economia no segundo trimestre. Por conta dessa expectativa, Aurélio Bicalho, responsável por nível de atividade da consultoria econômica do banco, projeta uma expansão de 1,1% para o PIB do segundo trimestre na comparação dessazonalizada. Ele também aponta que, entre os componentes da demanda do PIB, o investimento é que "promete" melhor desempenho, com crescimento estimado de 5% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com ajuste sazonal. O Itaú também trabalha com um cenário de crescimento do PIB nos próximos dois trimestres, mas a taxas menores que a do segundo trimestre deste ano. Bicalho avalia que apesar da esperada redução da taxa real de juros, a política monetária deverá manter-se restritiva e as expectativas de empresários e consumidores deterioraram-se nos últimos meses. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) não fez projeção para o resultado do PIB trimestral, a ser divulgado amanhã pelo IBGE. Estevão Kopschitz, que trabalha com indicadores macroeconômicos no Ipea, diz que a instituição vai esperar os dados do IBGE para rever sua taxa estimada de PIB para 2005, de 2,8%. O economista adiantou que a revisão do produto poderá ser para cima, acima de 3%, levando em conta o comportamento mais favorável da indústria.