Título: Decisão é vitória de José Dirceu
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2005, Política, p. A6

Com o afastamento do ex-ministro Tarso Genro da disputa, o deputado José Dirceu concorrerá às eleições diretas do PT na chapa do Campo Majoritário, mas não tomará posse, no caso de vitória. Será substituído por um suplente, até que o processo que corre contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos deputados seja votado. Se for absolvido, assume o cargo, e se afasta definitivamente se for cassado e perder os direitos políticos. O afastamento de Tarso foi uma demonstração de força de José Dirceu no PT. O ex-ministro da Casa Civil, no entanto, evitou se manifestar sobre a derrota de seu antigo colega de governo Lula. Para Dirceu, sua retirada da chapa do Campo Majoritário ao Diretório Nacional do PT era uma agenda de Tarso Genro. A agenda dele, Dirceu, é o Conselho de Ética da Câmara, onde está sendo jogado no momento o futuro de seu mandato parlamentar. Muito embora o deputado Ricardo Berzoini não seja o candidato dos sonhos da tendência Unidade na Luta, a principal corrente do Campo Majoritário, Dirceu avalia que sua indicação, no lugar de Tarso Genro, aumenta as chances de vitória do grupo que atualmente controla o partido. Tarso se desgastou, principalmente na semana passada, depois de dizer que não teria argumentos, no momento, para convencer alguém a votar no PT. Desgastado junto ao Campo Majoritário, o ex-ministro da Educação também perdeu terreno no governo. No Palácio do Planalto, Tarso Genro passou a ser considerado "imprevisível". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que articulou sua candidatura, embora defendesse a saída de José Dirceu da chapa, preferiu não arbitrar a disputa. O ministro Antonio Palocci (Fazenda) também reagiu mal às críticas do candidato à política econômica. Berzoini será candidato à falta de outro nome do Campo Majoritário. Há resistências ao deputado sobretudo no PT da cidade de São Paulo, que ontem chegou a ensaiar o lançamento da candidatura do dirigente local Paulo Frateschi. Há um movimento discreto, também, para tentar convencer o ministro Luiz Dulci (Secretária Geral da Presidência) ou o assessor especial Marco Aurélio Garcia a assumir a candidatura a presidente. Os dois, especialmente Dulci, não querem. A possibilidade de adiamento da eleição, defendida pelo Planalto, é improvável: a esquerda, vislumbrando a possibilidade de crescer e até mesmo ganhar, não concorda.