Título: Itamar já ameaça deixar PMDB se não puder ser candidato
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2005, Política, p. A10

Exonerado do cargo de embaixador na Itália, o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) desembarcou neste fim de semana, em Belo Horizonte, para iniciar uma série de contatos políticos de olho em 2006. Com o agravamento da crise politica, Itamar parece ter voltado a alimentar o sonho de candidatar-se à Presidência da República. Embora não fale sobre isso publicamente, mais uma vez o político mineiro considera a possibilidade de deixar o PMDB caso não consiga ser o candidato da legenda ao Planalto. "Ainda não conversei com ninguém para dizer se vou ser aquilo ou não vou ser nada", declarou ele no domingo, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Confins. Se acabar desfiliando-se do PMDB, não pela primeira vez, Itamar poderá procurar abrigo no PDT. O partido, em 2002, chegou a convidar o então governador de Minas para disputar a presidência pela legenda. No PMDB, que derrubou suas pretensões de disputar a Presidência em 1998 e 2002, Itamar Franco terá dois desafios. O primeiro é conseguir que o partido realmente lance candidatura própria, como vêm prometendo as principais lideranças. O segundo é vencer os governadores Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, e Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, apontados como pré-candidatos. Embora tenha pretensões presidenciais, segundo confidenciam políticos próximos a Itamar, o ex-embaixador na Itália não descarta a possibilidade de se contentar com o Senado. Até o agravamento da crise, esta parecia a única alternativa para Itamar Franco. Entre os encontros políticos que pretende ter, para analisar a crise político, está a visita ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). A expectativa é de que o encontro ocorra ainda nesta semana. Itamar Franco evitou críticas duras ao governo petista e lembrou suas relações de amizades com lideranças do partido, como o ex-ministro José Dirceu. Mas fez questão de falar de planos para o futuro do país. O ex-presidente defende a instalação de uma assembléia nacional constituinte. "Nós elegeríamos constituintes com mandato de um ano para rever muitas coisas que precisam ser revistas neste país", explicou ele.