Título: Fabricante de injetor de plástico diz que só sobreviverá se governo atuar
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2005, Especial, p. A16

Giordano Romi, maior fabricante de injetores plásticos do país, acredita que a sobrevivência dessa indústria está nas mãos do governo. O recente anúncio de que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) está negociando um contingenciamento das exportações chinesas desses produtos o deixou satisfeito, mas ele considera que essa medida ainda não é suficiente para evitar o fim da indústria nacional de injetores plásticos, avisa. "Este ano, os chineses estarão ocupando 60% do mercado nacional de injetores, no ano que vem, se continuarem nesse ritmo, alcançam 80% e, no próximo, 100%", avisa o empresário da Indústrias Romi. Romi contou que entre o ano 2000 e 2004 foram importados 2.700 injetores plásticos da China. De janeiro a julho deste ano foram importadas quase 600 máquinas da Ásia, ante 450 no mesmo período do ano passado, ou 20% a mais. Ele acredita que até dezembro aportarão aqui 1.000 injetores "made in China", o equivalente a 60% do mercado nacional. Boa parte do produto importado entra pela Zona Franca de Manaus, onde é isento de impostos. O fabricante nacional - são ao todo nove empresas - tem de pagar cerca de 20% de tributos sobre o produto. "Esta vantagem fiscal pune o fabricante nacional e favorece o estrangeiro", denunciou. "Queremos isonomia de tratamento com a Suframa." Os injetores são usados para injeção de plástico em bonecas, pentes, cabos telefônicos, entre outros produtos, e até pouco tempo atrás a guia de importação era emitida automaticamente. Recentemente, a indústria nacional conseguiu que o importador fosse condicionado a apresentar fatura de importação dentro dos parâmetros de preços do mercado mundial. "Conseguimos que fosse instituída a NVE (Nomenclatura de Valor Especial)", informou o empresário. Ele defende a criação de um "selo de conformidade" para o produto, atestando que sua fabricação segue as normas ambientais e de segurança, conforme determina a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas para isso o governo brasileiro tem que negociar com a Organização Mundial do Comércio (OMC). A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) acusa os importadores de injetores plásticos, originários de Taiwan, Hong Kong e China, de subfaturarem o produto na venda ao Brasil. Newton Mello, presidente da entidade, informa que "essas máquinas certamente têm irregularidades em seus processos de importação, pois custam US$ 100 mil no mercado internacional e chegam aqui por US$ 20 mil", ou seja, enquanto o mercado internacional e o nacional cobram R$ 3,00 por quilo do produto, os chineses cobram R$ 0,60. Mello propõe que essa prática seja coibida pela Receita Federal e pela alfândega. (VSD)