Título: Abimaq prevê desaceleração em investimentos
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2005, Especial, p. A16

Enquanto economistas de bancos e consultorias apostam num crescimento do investimento direto no segundo semestre, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Newton de Mello, vai na contramão desse cenário e trabalha com a expectativa de retração do indicador até dezembro, levando em conta o pequeno portfólio de encomendas das empresas do setor de bens de capital. Conforme dados da Abimaq divulgados até julho, o faturamento das indústrias de máquinas e equipamentos subiu 27,5% (R$ 31,5 bilhões), mas está em trajetória de desaceleração. "Este crescimento de 27% era de 40% há cinco meses", observa Mello. Para ele, se a contração do faturamento continuar nesse ritmo, o setor poderá fechar 2005 empatado em receita de vendas com 2004. O que está impulsionando essa queda são, a seu ver, câmbio apreciado, juro alto e importações, principalmente da China, que têm levado a uma redução forte nas encomendas das empresas. Segundo Mello, o que vem mantendo a indústria de bens de capital é o segmento de mecânica pesada, que cresceu 160% no acumulado janeiro/julho. Mas também este segmento vem dando marcha-a-ré, pois no período janeiro abril sua receita de vendas tinha crescido 226%. No primeiro semestre teve expansão de 171% e, no acumulado até julho, baixou para 160%. Outros segmentos menos pesados, como o de máquinas agrícolas e de válvulas industriais já estão trabalhando no vermelho. As vendas de máquinas agrícolas reduziu 34,9% entre janeiro/julho deste ano em relação ao mesmo período de 2004. O de válvulas industriais caiu 0,2%. Outros subsetores apresentaram resultados nominais positivos "acanhados", como avaliou Mello. É o caso de máquinas-ferramenta, com aumento de receita de 3,6%, bombas e moto-bombas (4,2%) e máquinas e equipamentos para madeira (4,6%). Os indicadores da Abimaq revelam retração também no consumo aparente de máquinas e equipamentos no mercado brasileiro (produção, mais importação e menos exportação). Até julho o consumo aparente apresentou expansão de 23,2%, ante 26% até junho. Mas apesar desses números, o nível de capacidade instalada do setor alcançou 82.4% entre janeiro a julho. O número de empregados cresceu 5,7% atingindo 213.781 trabalhadores, ante 202.179 em julho de 2004 e as exportações empataram com as importações. Mello insiste, porém, que se o juro cair em conta-gotas e o câmbio se mantiver apreciado, os empresários vão continuar engavetando projetos devido ao fator incerteza, agravado pela crise política, o que contribui para retrair o investimento.