Título: Palocci defende política econômica e afirma que ela não é conservadora
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2005, Brasil, p. A3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez ontem uma defesa veemente da política monetária, disse que ela não é "excessivamente conservadora" e mostrou confiança na superação da crise política sem arranhão para a economia. Ele falou no encerramento do VI Seminário de Metas de Inflação, promovido pelo Banco Central (BC). "Tenho certeza que no seminário do próximo ano um dos temas em destaque nos debates será a resistência que terá sido demonstrada pela economia brasileira às incertezas políticas que o país atravessa neste momento", afirmou. Em discurso lido ao lado do presidente do BC, Henrique Meirelles, Palocci disse que "se o Banco Central fosse mais conservador do que deveria, seriam observadas, sistematicamente, taxas de inflação inferiores às metas estabelecidas", e acrescentou que "os dados mostram que não tem sido essa a regra nos últimos anos". O ministro ressaltou que em 2004 tanto a inflação (7,6%) quanto o crescimento econômico (4,9%) foram maiores que o previsto. "É muito difícil caracterizar esse tipo de resultado como tendo sido causado por política monetária excessivamente conservadora", disse. O apoio de Palocci ao BC ocorreu no dia seguinte à declaração do ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini, candidato à presidência do PT na chapa do Campo Majoritário dizer que tem "divergências de foco" com a política econômica, defendendo que o ponto central da política monetária e da política fiscal devem ser a combinação do controle da inflação com o crescimento econômico. "É preciso lembrar que os juros nunca são elevados por capricho e sim pela necessidade de manter a inflação sob controle, aliás, algo de que nunca abriremos mão de fazê-lo", ressaltou. Palocci reconheceu que "eles (os juros) são realmente muito mais elevados do que em outros países", mas acrescentou: "Mas não há qualquer evidência de que sejam mais elevados do que seria necessário para manter a inflação sob controle, convergindo para a trajetória da meta." Palocci rechaçou também a crítica de que a política monetária, ao elevar excessivamente os juros, estaria gerando aumento desnecessário da dívida pública. Segundo ele, cabe à política fiscal calibrar o superávit primário de modo a assegurar que a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se mantenha sob controle, ressaltando ser isso que o governo vem e continuará fazendo. "Não deve haver qualquer dúvida quanto a esse ponto. Caso contrário, sabemos que a efetividade da política monetária seria reduzida e a inflação acabaria sendo maior do que as metas, o que é algo que, definitivamente, não deixaremos acontecer."