Título: Governo devem rever projeção para cima
Autor: Vera Saavedra Durão e Sérgio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2005, Brasil, p. A4

A equipe econômica do governo está revendo para cima a sua projeção de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, atualmente de 3,4%. Diante do resultado "muito animador" anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o comportamento da economia no segundo trimestre, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento devem anunciar, até dia 23, uma nova projeção, mais otimista, disse ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ao divulgar os números do projeto de Orçamento da União para 2006, o ministro contou que, logo cedo, ontem, telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para informar sobre os novos dados do IBGE. "Ele (Lula) achou jóia, bacana", disse Bernardo. O ministro lembrou que a variação real de 1,4% verificada em relação ao PIB do primeiro trimestre deste ano surpreendeu o mercado financeiro, "que trabalhava com 1,2%". Ele não quis antecipar a nova projeção para o acumulado de 2005. O deputado Carlito Mers (PT-SC), que o acompanhou na entrevista sobre o Orçamento, disse ao Valor acreditar que a estimativa deverá ser, pelo menos, de 4%. Para 2006, a proposta de Orçamento federal encaminhada ontem ao Congresso Nacional prevê crescimento real do PIB de 4,5% - o mesmo percentual com que trabalharam os deputados e senadores ao examinar, alterar e aprovar a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A nova projeção para 2005 será anunciada por ocasião da divulgação do próximo relatório bimestral de reavaliação de receitas e despesas da União, cujo prazo de encaminhamento ao Congresso termina em 23 de setembro. As previsões de receitas e despesas para o ano serão revistas com base no que ocorreu até o fim de agosto. Dependendo do comportamento dos gastos, o ministro Paulo Bernardo admitiu que o governo poderá descontigenciar recursos do Orçamento, aumentando os limites de empenho dos ministérios. Afinal, explicou, o aumento da estimativa de crescimento da economia eleva também o previsão de receitas do Orçamento. Nos parâmetros macroeconômicos da proposta orçamentária encaminhada ao Legislativo, o índice médio de crescimento das receitas federais está estimado 6,98% para 2005 e em 4,81% para 2006. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que o crescimento do PIB no segundo trimestre ficou acima do esperado e que tudo está apontando para um crescimento superior a 4% no fim do ano. Segundo ele, o crescimento do PIB ao longo do segundo semestre vai se dar principalmente em razão do aquecimento do mercado interno e das exportações. Furlan disse que pela terceira vez consecutiva as vendas externas bateram recorde este mês, assim como as importações. Para o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, a economia tem tudo para crescer mais de 3% em 2005. "Há fortes indicadores de que temos grande chance de crescer acima de 3%", afirmou. Ele ressalvou que o governo ainda vai fazer uma avaliação mais profunda dos números do PIB e por isso não poderia dizer se a economia tinha chances de crescer na casa dos 4%. Ele disse que o resultado do segundo trimestre deste ano foi "positivo" e mostrou a "robustez da economia". Segundo Levy, "havia preocupação sobre se a economia continuaria crescendo e ela deu a resposta". O vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, considerou o resultado do PIB bom. "Desde o ano passado eu estou otimista e confiante que o Brasil entrou em um ciclo de crescimento que vai durar alguns anos. Não sou o primeiro a dizer isso mas os fundamentos estão realmente sólidos, eu diria especialmente os fundamentos de balanço de pagamentos", afirmou.