Título: Analistas já vêem alta menor do PIB
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2005, Especial, p. A18

A passagem do furacão Katrina pela costa americana já está levando economistas a reduzir as projeções de crescimento econômicos dos EUA para este ano. Economistas da RBS Greenwich Capital revisaram para baixo as estimativas para o terceiro e quarto trimestres: 4% e 4,5%, respectivamente. Antes do furacão, a empresa previa expansão de 5%. Eles observaram que "há o risco de [nova] revisão, especialmente no quarto trimestre, se os danos à infra-estrutura no golfo do México e/ou uma guinada nos custos de energia forem grandes e/ou prolongados". "Se as refinarias ficarem sem operar por muito tempo, isso será um choque para todo o sistema. Acredito que as empresas irão segurar sua produção", disse Michael Englund, economista-chefe do Action Economics, que também cortou sua projeção de crescimento do PIB de 4,6% para 3,8% no terceiro trimestre. Os títulos do Tesouro dos EUA subiram devido a especulações de que a economia sofrerá desaceleração gerada pela alta dos preços dos combustíveis. Os investidores aumentaram suas apostas na quebra da série de reajustes da taxa referencial de juros dos EUA pelo Federal Reserve, o banco central do país. Segundo eles, o BC americano deve parar de elevar a taxa em breve. "A grande questão para a economia dos EUA como um todo é o efeito dos preços dos combustíveis", disse Ben Bernanke, presidente do Conselho de Consultores Econômicos do presidente George W. Bush e ex-membro da junta de diretores do Fed. "Se subirem muito, não há dúvida de que gerarão um vento contrário." Ontem, o governo americano divulgou a revisão do crescimento do país no segundo trimestre, período durante o qual houve desaceleração para a taxa anualizada de 3,3% (contra 3,4% estimados anteriormente). O desaquecimento se deveu à queda no consumo e à alta nas importações do país. No primeiro trimestre, o PIB americano registrou crescimento de 3,8%. Os consumidores, atingidos pela alta dos combustíveis, adotaram no período uma redução de gastos maior do que a prevista por Washington e analistas. Uma pesquisa realizada com diretores financeiros de empresas americanas mostrou que os custos com combustíveis são hoje a maior preocupação das empresas no país. A pesquisa, realizada pela revista "CFO" em conjunto com a Universidade Duke , ouviu 374 executivos. Mas ela foi finalizada no dia 28 de agosto, antes do furacão.