Título: Setor cresce 1,8% até junho, porém já enfrenta desaceleração da demanda
Autor: Natália Gomez e Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2005, Empresas &, p. B10

Após ter apresentado recuperação no ano passado, quando obteve o primeiro crescimento em 18 meses, o setor de embalagens passa por uma nova fase de desaquecimento. A produção do setor em 2005, que no início do ano estava prevista para crescer 2,4%, já foi revisada para 1,1%. O presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Fábio Mestriner, explica que o poder aquisitivo da população não cresceu conforme o esperado, afetando principalmente a venda de alimentos e bebidas, que corresponde a 60% do mercado de embalagens. O desempenho da agroindústria também ficou aquém das expectativas do setor, na avaliação de Mestriner. O economista Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas, explica que a demanda por bens não duráveis cresceu 6,7% no acumulado do ano, pouco se comparado à demanda por bens duráveis, que aumentou 16,7% no período, estimulada pelo aumento no volume de crédito, que nos últimos 12 meses cresceu quase 20%. No primeiro semestre do ano, a produção de embalagens foi 1,81% maior do que no mesmo período do ano passado. Já em comparação ao último semestre de 2004, o setor registrou uma queda de 2,28% na produção. As embalagens plásticas , que correspondem a 30% do setor, foram as que mais cresceram no semestre, apresentando aumento de 7,4% na produção. As metálicas, que representam 26,6% do total, foram as únicas a registrar queda. No semestre, sua produção caiu 6,4%, puxada principalmente pelo aumento nos preços do aço. Mesmo assim, a Abeaço, entidade desse segmento, prevê um crescimento 3% no volume de produção até o final de ano, impulsionado principalmente pelo segmentos de leites, tintas e atomatados. O faturamento total do setor de embalagens está previsto em R$ 32 bilhões no ano, quase 10% maior do que os R$ 28 bilhões registrados em 2004, alta puxada por aumento dos preços. As matérias-primas vêm subindo desde 2004. As exportações de embalagens vazias para o Mercosul, América Latina, Europa e EUA estão mantendo o ritmo de 2004, quando alcançaram US$ 292,5 milhões. Somente no primeiro semestre de 2005, foi exportado o equivalente a US$ 148 milhões, com destaque para embalagens (sacos plásticos) e componentes como tampas, adesivos e rótulos. As latas de aço são exportadas principalmente para países produtores de carne, como a Argentina. (NG)