Título: Ipiranga Petroquímica obtém US$ 150 milhões
Autor: Sérgio Bueno e Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2005, Finanças, p. C3

Crédito Externo Empréstimo "stand-by" foi estruturado pela IFC

A Ipiranga Petroquímica (IPQ) obteve um empréstimo de US$ 150 milhões estruturado pela International Finance Corporation (IFC), o braço financeiro do Banco Mundial, que poderá ser sacado total ou parcialmente até o primeiro trimestre de 2006, segundo o diretor superintendente da companhia, Paulo Magalhães. De acordo com ele, os recursos poderão ser usados para bancar novos investimentos ou como capital de giro. "É um empréstimo para propósitos gerais", definiu Jose Espejo, especialista sênior de investimentos da IFC, por telefone, de Washington. Conforme Magalhães, o prazo para pagamento do financiamento é de nove anos, incluindo três de carência, com um custo de Libor, a taxa interbancária de Londres, mais 2,6% ao ano. "Colocamos dinheiro à disposição da empresa num momento bom, de alta liquidez no mercado internacional e com o prêmio de risco Brasil relativamente baixo", comentou o executivo. De acordo com Magalhães, trata-se de um crédito "stand-by" -a empresa paga comissão para ficar com os recursos disponíveis por um determinado prazo e só saca se quiser. Espejo explica que a IFC considera esse empréstimo como um empréstimo corporativo normal, um tradicional empréstimo A e B, pois a empresa paga dois tipos de comissão antes de sacar os recursos, enquanto em um "stand-by" tradicional paga somente a comissão de comprometimento da linha, em inglês "commitment fee". Segundo Espejo, o empréstimo A, que será dado diretamente pela IFC, vai somar US$ 50 milhões. Os outros US$ 100 milhões virão de diversos bancos comerciais, mas sob um mesmo contrato guarda-chuva da IFC, no chamado empréstimo B. Nessa estrutura, o Banco Mundial, que é credor preferencial no caso de uma moratória, aparece oficialmente como o credor de todo o empréstimo de US$ 150 milhões, reduzindo o risco para os bancos comerciais participantes, que podem alongar prazos e cobrar taxas de juros menores. Estejo explicou que as condições do empréstimo B ainda não foram definidas entre a IFC e a empresa. Só depois dessa definição é que a IFC vai convidar os bancos comerciais a participar do empréstimo. O contrato entre a Ipiranga Petroquímica e a IFC foi assinado na semana passada e também serve como uma garantia contra eventuais turbulências no mercado interno e internacional. "É sempre bom estar prevenido no Brasil e 2006 é ano de eleições", lembra Magalhães. No primeiro semestre, a IPQ liquidou antecipadamente um financiamento de US$ 136 milhões tomado da própria IFC e de um "pool" de bancos com vencimento até 2007, que custava Libor mais 3,2% ao ano, em média. Do total, US$ 56 milhões foram pagos com o caixa da empresa e os US$ 80 milhões restantes vieram de novos empréstimos com instituições financeiras nacionais e estrangeiras, a taxas de Libor mais 2,3% a 2,5% ao ano, três a cinco anos para pagamento além de um a dois de carência. "Fizemos a troca por uma operação mais longa e mais barata", explicou Magalhães. Segundo o diretor superintendente, o novo financiamento com a IFC deverá ser utilizado para cobrir os cerca de US$ 15 milhões necessários à substituição de uma extrusora industrial (que produz polietileno em grãos) de 1982 por uma máquina mais moderna importada da Alemanha ou do Japão. O equipamento não agrega capacidade de produção adicional significativa, mas proporciona ganhos de eficiência e de consumo de energia, afirma o executivo. Com o câmbio atual, conforme Magalhães, os recursos não deverão ser utilizados como capital de giro porque uma valorização súbita do dólar teria impacto negativo sobre a dívida. Caso a moeda americana atinja um patamar em torno de R$ 2,60, porém, o empréstimo poderia ser usado para pagar à vista as aquisições de eteno da Copesul, a central de matérias-primas do pólo petroquímico de Triunfo (RS), explica o executivo. Hoje a IPQ paga cerca de US$ 120 milhões à fornecedora a cada 84 dias, mas arca com um custo dos juros do DI (Depósito Interfinanceiro) mais 2% a 3% ao ano, o que resulta em uma taxa anual de cerca de 20%. No final do ano fiscal de 2004 (30 de junho de 2004), a carteira de clientes da IFC no Brasil somava US$ 1,48 bilhão. A IFC informa ter participação acionária de 4,2% no capital da IPQ.