Título: CVM defende maior uso da securitização por empresa
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2005, Finanças, p. C8

O diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Sergio Weguelin defendeu ontem que os instrumentos de securitização de crédito, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), sejam mais utilizados e difundidos no Brasil, como forma de baratear o financiamento de capital de giro de pequenas e médias empresas. "A securitização é um instrumento fantástico que chegou ao mercado brasileiro e pode ser mais utilizada, já devia estar tendo um movimento de expansão maior", observou Weguelin. "Há inúmeros pólos de produção, seja petroquímicos, têxteis, enfim, de diversos setores, para os quais a captação via recebíveis pode funcionar muito bem", defende o diretor, que participou ontem de um painel de discussão sobre o mercado de capitais, no evento Brasil 2005: o caminho para frente, promovido pela Latin Finance. O diretor da CVM lembrou que os dados do Banco Central mostram que as empresas que se financiam por meio do desconto de duplicatas, com prazo de 30 dias, pagam taxa média de 43% ao ano, sendo que firmas de porte menor devem estar pagando taxas acima disso. Para Weguelin, os FIDCs podem oferecer custos menores. "Não existem dados conclusivos, mas se a empresa oferecer uma rentabilidade de 110% do CDI para o investidor, imagino que computados todos os demais custos, como os de rating e outros, acredito que o custo deva ser menor do que essa média do Banco Central", acrescentou. Durante o evento, alguns especialistas questionaram ainda a participação do BNDES como fomentador desses novos instrumentos de captação. Após a apresentação do vice-presidente do banco de fomento, Demian Fiocca, o sócio da Rio Bravo, Winston Fritsch, afirmou que o BNDES tem papel importante no desenvolvimento de novas ferramentas de captação, como os recebíveis e os chamados Project Finance. "O BNDES pode multiplicar imensamente essas operações, seria uma contribuição espetacular", afirmou Fritsch, que questionou Fiocca sobre a visão do banco. "Vemos os recebíveis como uma forma de aproximar as companhias do crédito, vemos com bons olhos e isso faz parte das nossas discussões", disse Fiocca. Para os agentes que participaram do debate, é preciso começar a fomentar o aumento e a liquidez dos mercados de dívida privada no país. Já a evolução do mercado de ações e dos padrões de governança e de regulamentação foram ressaltados, principalmente por executivos de empresas que fizeram recentemente sua estréia na bolsa. O vice-presidente do Submarino, Martin Escobari, disse que o processo de abertura de capital e a oferta pública da empresa surpreenderam positivamente todos os envolvidos na operação. "A atuação da Bovespa e da CVM e os avanços de governança do mercado brasileiro merecem destaque", observou. Escobari acrescentou, no entanto, que a próxima etapa de evolução do mercado local vai exigir mais participação do investidor. "A participação em assembléias ainda é pequena e eventos de quebra de governança são rapidamente esquecidos e o efeito disso nos preços em bolsa dura pouco, o investidor precisa participar mais", concluiu.